Trás-os-Montes perdeu um dos maiores empreendedores
Por: Barroso da Fonte:
Taveira da Mota foi, na segunda metade do século XX, um dos maiores impulsionadores da riqueza nacional. Apostou em muitas áreas de atividade, desde a Fábrica dos sabões, em Braga, aos supermercados Novo Sol, em Chaves, a tantas outras unidades comerciais e industriais a norte do País. Mas foi no ramo da pesca, tratamento e comercialização do Bacalhau que Eduardo Taveira da Morte ganhou projeção e respeito, levando longe o nome de Vila Real, onde nasceu e comprou a sua mansão, na qual recebeu Amália Rodrigues e o Duo Ouro Negro, num dia do seu aniversário.
Com a fortuna que herdou e que soube ampliar pelo esforço e competência do seu trabalho, construiu um império comercial e industrial. Centralizou no Porto o quartel general das suas empresas. Com a revolução de 1974 viu complicada a sua organização. Chegou a ser detido e teve de fugir do país, durante o PREC (1975). Voltou com o propósito de retomar a sua actividade em pleno e depressa, graças à sua deliberada vontade de vencer, reconquistou o nível empresarial que tivera e que mantém, repartido por cadeias de supermercados, uma pousada em Alpendurada, diversas casas de campo, iate, etc.. Foi dirigente desportivo de projeção nacional Presidente da Direcção do Boavista e do S.C. de Vila Real e Primeiro Presidente da Direcção da Casa de Trás os Montes do Porto, de que é sócio fundador n.° 4. Cumpriu dois mandatos de dois anos e foi proclamado 1.° Presidente honorário dessa Instituição Regionalista que já foi oficializada de interesse público. Foi ele que tomou a decisão de adquirir a sede social. Por serviços relevantes à Casa foi dado o seu nome à sala principal. O que fica dito escrevemo-lo no I vol. Do Dicionário dos mais ilustres Transmontanos. Conheci este ilustre cidadão Transmontano, em 1968, quando instalou um supermercado no Largo do Anjo, em Chaves. Por cima estava instalado o SNE, de que fui primeiro funcionário e responsável. Nunca mais deixámos de ser amigos. Quando, em 1984, fundei a Casa de Trás-os-Montes do Porto, com mais dois amigos, convidei-o para sócio desse projeto. Aceitou e no dia da escritura decidiu que comprássemos a sede, o que aconteceu nesse dia. Lá tem o seu punho e o seu nome por aclamação dos sócios. Foi um verdadeiro líder.
Ao dar-se o 25 de Abril foi perseguido e preso pelo PREC. Espoliado e denegrido, confessou-me que voltaria a ser rico se voltasse a ter mil contos. E conseguiu muito mais.
Gostei muito de ver a seu lado a Mulher, filhos e netos,na Igreja do Foco (Boavista). Foi cremado em Matosinhos. E as cinzas seguiram para Vila Real, onde imensa gente assistiu aos atos finais.