adeus ao Bongo
Serviram estes derradeiros três dias de estadia no Bongo para como também aconteceu no Huambo, me despedir das pessoas e dos contrastes paisagísticos com que me familiarizei durante quase um mês de permanência no sector do soba e regedor, Sr. Bernabé Celestino e, em particular, na embala da Missão, onde rege o soba Sr. Filipe.
A missão do Bongo é o local onde se instalaram os primeiros missionários adventistas, em 1924, comportando várias infra-estruturas quer educacionais quer hospitalares, incluindo templo e residências. Aqui funcionou um dos mais importantes hospitais de Angola e no qual se notabilizou um Dr. Persons, que com a esposa, D. Mabel, e os filhos David, Elaine e Bob, ainda hoje são recordados pela sua muita generosidade. Se lá voltassem hoje morriam de desgosto ao ver o estado em que a menina dos seus olhos, o hospital, se encontra!
O que foi a vacaria da Missão é nesta altura a sede do Projecto da Acção Agrária Alemã que nas Províncias de Huambo e Benguela, Angola, combate a Doença de Newcastle, a que já noutros posts fiz referência.
Também da horta que vi semear há uns 15 dias e deixo ficar os rebentos deste tamanho vou ter saudades, sobretudo por não poder provar os frutos. Que façam bom proveito a quem os saborear! Que não seja o gado. Do bater ritmado do pisoeiro, da manada que de manhã e à tardinha deambulava pela cerca da Missão, das pantominas dos gatos da casa para afiar as unhas, do sorriso e espírito de partilha que vi nos jovens daqui, de tudo levo saudades. Mas não sou de cá, quem cá fica que a faça grande, como no tempo da Familia Persons e dos comerciantes Amadeu Oliveira Cardoso, Artur Martinho de Lemos & Cª., João Faria Salgueiro, José Gomes Ferreira Gonçalo e José Peixoto de Carvalho. Ou dos lavradores e agricultores Amilcar Simões Barros, Artur Marinho de Lemos, Durval Lopes Julião, Elisio Loureiro e José Baptista Caldeira. Além da padaria, de Artur Marinho de Lemos & Cª., havia pensão, a Pousada Bongo, de João Rodrigues de Brito. Hoje mais parece uma aldeia fantasma, por onde se passa a caminho de Sandombo, ainda uns 12 km. mais para o interior da montanha.
Chegou a hora, mas antes de partir para o Huambo vou primeiro conhecer a embala do soba, Sr. José Adriano, a aldeia de Sopasse que no interior do sertão uma picada que sai de junto à "pracinha" ou ruinas da " Pousada Bongo" nos encaminha até lá. É mais uma das terras por onde não passou Jesus Cristo, ou se passou perderam-se as pegadas. Pese tratar-se duma terra associada à história do Sabado do Bongo. O vídeo e as fotos serve para exemplificar.
Este não queria se vacinado.
Aqui o soba José Adriano a controlar quem é que não vacina a pita
Ora aqui temos a juventude negra, no meio da branca, a mostrar a pita.
O Soba Sr. José Adriano ladeado por mim e minha esposa. Para honra nossa. E porque Sopasse é zona de muita banana um cacho enorme tivemos que carregar. A pobreza dividida por todos é menor. Mas que Sopasse merece e caresse de vias de comunicação garanto-lhes que sim, senhores governadores do tesouro angolano!
Em Angola a actividade diária começa muito sedo, se observarem pelas fotos referentes a Sopasse verificam que às 7h30 já toda gente se tinha levantado e apanhado as aves, e quem foi assistir teve de se deslocar, o que demora. Mas valeu a pena!
Depois no regresso foi só passar por casa, almoçar, fazer e pegar nas malas e adeus Bongo que não te volto a ver.
Três amigos que deixei
Quando se está bem, o tempo parece correr veloz , não se dá conta. Mas nem por isso as horas deixam de fazer os dias e os dias anos. Assim aconteceu comigo no passado dia 8 de Abril deste 2009, em que depois de visitar a aldeia de Sopasse e de no Bongo me despedir dos amigos com quem mais de perto ali privei me pareceu não ser verdade aquele que de facto era um definitivo adeus ao Bongo, e aos amigos que trouxe no coração.