Da terra venho
De “Poesia, amoras & presunto”, obra de Barroso da Fonte, galardoada com o Prémio Nacional de Poesia Fernão de Magalhães Gonçalves, transcrevo um dos poemas que muito me sensibilizou por corresponder à visão que tenho formatada desta viagem que sem fim determinado o Criador nos concedeu. Mediante estes versos eis-me nas minhas origens territoriais e sociais da década de 30, muito diferente do tempo actual, mas que nem por isso deixamos de ter saudades.
DA TERRA VENHO
Da terra venho
P´ra terra vou
E orgulho tenho
Do que sou
Nasci da fome
Com fome existo
Mas do nome
Não desisto
Venho da vida
Vou para a morte
- toda a ferida
É passaporte
O homem passa
E se renova
A erguer na praça
A sua cova
E eu tenho andado
A vida inteira
Ligado ao fado
A minha caveira.
Montalegre , 1972.