As Coreias e o paralelo 38
Sempre inspirado e atento ao que desperta inspiração, desta vez foi o encontro entre os dois senhores das Coreiras ( Norte e Sul ) a merecer as tenções do poeta e prosador João de Deus Rodrigues, e eu que tenho a sorte de uma vez por outra receber poesia sua, aqui a estou também a oferta-la aos leitores de Portugal, minha terra:
As Coreias e o paralelo 38
(27 de Abril de 2018)
Sim à Paz. Não à guerra!
Apetecia-me ir para a rua gritar,
Num gesto genuíno e afoito,
Para que acabassem na terra,
Todos os paralelos trinta e oito.
Os homens, aqueles que ontem
Ensaiavam temíveis bombas
Nucleares, que não era brincadeira,
São os mesmos que hoje falam em pombas,
Em Paz e em ramos de oliveira.
E se abraçam, fraternalmente,
Para que os povos do mundo vejam,
Que querem a paz, sinceramente!
Deus queira que assim seja,
E se ponha fim a tamanho sofrimento,
De tantos pais e filhos, netos e avós!
Que durante gerações se enfrentaram.
E possam, finalmente, confraternizar,
Sem rancores nem ódios, pois então.
E os desavindos se possam abraçar,
Fraternalmente, de irmão para irmão.
Contudo, desejo isso e tenho medo.
Tenho medo que alguém, em segredo,
Já esteja a pensar em acender o pavio,
Que vá atear o fogo no convés do navio,
Onde navega toda esta minha esperança.
Porque as guerras, em todos os continentes,
Começaram por interesses, ódios e vinganças.
E isso, nunca deixa todas as partes contentes!
Mas eu quero pensar positivo.
Para isso, quero mesmo acreditar,
Que se o homem quiser, é capaz
De que todos os paralelos trinta e oito,
E todas as guerras, declaradas ou pensadas,
De uma vez por todas, possam acabar!
Para que todos possam vir para a rua gritar:
Não à guerra, meu amigo, sim à Paz.
João de Deus Rodrigues
Mosteiro, 28 de Abril de 2018