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Portugal, minha terra.

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Portugal, minha terra.

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26.01.16

O fenómeno Marcelo

aquimetem, Falar disto e daquilo

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Do blog O estado da arte, de Helena Sacadura Cabral, transcrevo este post que muito apreciei:

Pode não se gostar de Marcelo Rebelo de Sousa e até ter razões para isso. Mas é difícil ficar-se indiferente ao fenómeno que ele corporiza, ao realizar um sonho, que se adivinha antigo, da forma como ele o fez. É a vitória de um homem só por mais que se diga que a sua base de apoio é a direita. Ganhar em todos os distritos, sem cartazes e sem máquina partidária, numa das mais económicas campanhas presidenciais, não pode ser apenas isso. Marcelo sozinho representa bem mais do que a direita. É um facto!
E é este facto que vale a pena ponderar. Tanto no governo como na oposição. Porque ter o país todo verde - a cor que o representa - não é um feito para qualquer. Estou à vontade para o dizer porque não sendo uma convicta marcelista, o fenómeno que ele representa está longe de me ser indiferente.
Como também me não é indiferente o que aconteceu a Maria de Belém, que vale seguramente mais do que os votos que recebeu. Também aqui julgo que o PS tem matéria séria para pensar. É que nem o facto de António Costa ter falado à nação como PM e não como lider do partido, altera este facto. Pelo contrário, até o torna mais premente.
Uma última palavra para o discurso de Sampaio da Nóvoa que merece ser salientado, quando refere que, a partir daquela altura, o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, era o seu Presidente da República. Nem todos foram capazes disso!

 

25.01.16

Uma vitória Presidencial com vários recados

aquimetem, Falar disto e daquilo

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 De Barroso da Fonte:

Um homem só, conseguiu vencer e convencer, por margem folgada, nove outros concorrentes que durante a campanha o acusaram de tudo e mais alguma coisa, sem que ele os beliscasse. A vitória foi do próprio candidato que não quis o envolvimento dos dois partidos que ganharam os dois actos legislativos anteriores.

A eleição de Marcelo Rebelo de Sousa para mais alto magistrado da Nação, veio confirmar que:

  1. a) o povo não é mudo, não é cego, nem é surdo. b) que o governo cozinhado pelo PS e seus pares da esquerda, resultou de um parto defeituoso e enfermiço; c) se houvesse eleições legislativas clarificadoras desse parto, o PS e seus pares, seriam derrotados por margem semelhante à do Presidente da República; d) que Cavaco Silva ocupou durante dez anos o espaço político que acaba de eleger Marcelo Rebelo de Sousa. Este resultado é a resposta inequívoca a esse quisto político.

Esta eleição demonstrou ainda que a ignorância é atrevida. Demonstrou a Sampaio da Nóvoa que foi infeliz ao invocar o «tempo novo», como contraponto ao «tempo velho». Já em «tempo novo», fez «teatro», aplaudiu o grupo da Luar que assaltou o Banco da Figueira da Foz e valeu-se da confusão académica, em que bastava chegar à universidade e pedir uma licenciatura. Cândido Ferreira, seu opositor nesta corrida, confrontou-o com essa situação. A esse período revolucionário se tinha referido Sottomayor Cardia, quando foi Ministro da Educação. Por seu Pai ser juiz, teve a sorte que tiveram Jorge Sampaio e Freitas do Amaral: não foi à tropa. Mas pretendia ser o chefe supremo das Forças Armadas.

Os resultados deste ato eleitoral acabaram com os mitos académicos e empresariais: O Tino foi a maior sensação, ao ficar em sexto lugar, acima dos doutores: Paulo Morais, Jorge Sequeira e Henrique Neto, respectivamente. Mais: valeu quase tanto o calceteiro de Rãs como o ex-padre Edgar Silva que deixou ficar mal colocado o PC e a classe clerical que o preparou para a vida. De notável apenas o esbracejar de pregador e a voz estridente que se enquadra a preceito, na cassete da força que o apoiou. Teve muito menos votos do que tivera Jerónimo de Sousa. Ficou demonstrado que o BE definitivamente ocupou o espaço político que pertencia ao PC. Marisa portou-se bem.

Finalmente a rasteira mortífera de António Costa que foi o grande derrotado desta eleição. Tinha fintado António José Seguro. Fez uma segunda finta aos dois partidos vencedores das Legislativas com os quais se negou a formar governo, desde o momento em que Catarina Martins o seduziu para «casamento político». Celebrado esse casório, acrescido de mais um apoiante: a CDU, traiu Maria de Belém que se viu isolada, ao invés da sedução que granjeou em torno de Sampaio da Nóvoa. Foi essa fiel militante socialista, a derrotada mais coerente, mais tolerante e mais digna que foi sóbria e que ficará na história da eleição de Marcelo: foi ela que anunciou, antes que outros o fizessem, a vitória de Marcelo. Superou, inclusive os repórteres das televisões.

Marcelo Rebelo de Sousa foi vencedor em toda a linha. Não fez qualquer comício. Não berrou como outros fizeram para o denegrirem. Não foi maldizente nem se armou em pavão. Foi original na campanha, igual a si próprio, nem precisou de ziguezaguear como os principais opositores o trataram.É um cidadão do norte, um defensor do povo, um homem de cultura que honrou a avó, os pais e os Celoricenses que, quase unanimemente, votaram nele.

A sua vitória e a sua ligação às Terras de Basto contrastaram com o docente da UTAD, Luís F. Lopes, que na edição do Ecos de Bastos de 14/12/2015 escreveu: «Sampaio da Nóvoa representa o que melhor existe no Norte, é um minhoto genuíno, como todos os Cabeceirenses o são. Marcelo é Lisboeta, e como tal tem alguma dificuldade em identificar as suas raízes...necessita do simbolismo da província. Não tenhamos ilusões, Marcelo não é das terras de Basto...». Se esta afirmação fosse feita durante a campanha, em conversa corrente, num comício de Tino de Rãs ou de Edgar Silva que nasceu na Madeira, talvez passasse despercebida. Mas que um «Prof. Doutor Engº», como assina as suas crónicas, escreva num quinzenário o que acima reproduzo, não lhe fica bem. Não foi em Celorico de Basto que sua avó nasceu e que, em homenagem a essa origem rural, optou por ser ali que se inscreveu como eleitor? Não conheço este «Prof. Doutor Engº». Mas creio que para exaltar Sampaio da Nóvoa, como «minhoto genuíno» não precisava de usar tão áspera demagogia.

Marcelo deu uma lição de humildade a muitos académicos. Ganhou em todos os círculos eleitorais do país, mesmo onde forças do centro e a direita nunca tinham vencido, como é o caso de Beja. Não se lhe ouviu um ataque, discreto ou indiscreto, a qualquer adversário. Não colocou cartazes, não poluiu o meio ambiente, não esbanjou dinheiros públicos e até contribuiu com a sua votação para evitar mais três semanas de poluição para uma segunda volta que, segundo as sondagens, daria o mesmo resultado.

É um digno representante do Norte. Mas acima de tudo é o legítimo Presidente da República Portuguesa.

 

 

22.01.16

O Usurpador

aquimetem, Falar disto e daquilo

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Palavras e poema deste inspirado:

 

"Hoje é o dia mundial do cancro.

Por favor, peça aos seus Familiares e Amigos, que já foram, ou não, atingidos

por ele, para divulgarem a efeméride e ajudarem, como puderem, a vencer este terrível “monstro” que anda por aí a solta!

 

                                                           Bem haja.

O Cancro.

 

O cancro é aquele “monstro”

Que entra, silenciosamente,

Em nossa casa, sem pedir licença,

E se instala, sem se dar por ele,

Para consumir toda a gente.

 

(….)

 

(excerto do meu poema: “ O Usurpador”)

 

     João de Deus Rodrigues"

 

 

 

 

 

18.01.16

Os presidenciáveis, os recrutas e os generais

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De Barroso da Fonte:

"É inevitável falar do miserabilismo político que acaba de viver-se em Portugal. Alguns comentadores chamaram-lhe um fenómeno vazio de ideias, outros uma pobreza franciscana, e, mais alguns, interpretaram-no como um velório carnavalesco.

Não foi moralizador, muito menos educativo e, menos ainda, pedagógico, porque estavam em campo cinco doutorados, dois deles catedráticos. Pretendia eleger-se o super-sumo da inteligência num país com quase nove séculos de história. É uma eleição fundamental. Mas o que se viu e ouviu foi muito pobre, de muito baixo nível e sem nada de novo que justifique trocar o certo pelo duvidoso, a realidade pela aventura.

Se me perguntassem qual dos dez desempenhou melhor o seu papel, eu diria que foi o Tino de Rãs. Exatamente porque a campanha esteve muito mais ao seu nível, do que ao nível dos «doutores». De resto, aos olhos de quem os acompanhasse, a partir do espaço, daria o prémio de vencedor ao Tino de Rãs, porque foi aquele que mais se riu e fez rir, aquele que deu a volta ao país numa só viatura emprestada ou paga a prestações, já que 50 mil euros que programou para a campanha, não davam para mais. Comparada essa verba com os 750 mil euros de Sampaio da Nóvoa, é quase ridícula.

   Todos quiseram ser comedidos, prometer tudo a todos, mesmo sabendo que um Chefe de Estado, nunca poderá decidir sobre benefícios. Depois da farsa adúltera, parida em 4 de Outubro, com toda a esquerda em algazarra e aos beijinhos, qualquer PR tem a vida facilitada. Nenhum dos dez, mesmo que tenha vontade de não promulgar o orçamento ou de derrubar o governo, terá coragem de o fazer. Cairá o Carmo e a Trindade. É óbvio que só um deles poderá ser eleito.. Mas aquele que as sondagens apontam como mais provável, já elogiou o atual governo, tranquilizando o seu chefe. Por isso Marcelo já antecipou a decisão favorável para os quatro anos de mandato.

   O chefe do governo, além da rasteira que passara ao camarada António José Seguro, repetiu o golpe ao apoiar Sampaio da Nóvoa. Este, à boa maneira da «auréola do heroísmo na luta antifascista, que Camilo Mortágua apregoava aos muitos jovens que se aproximavam da LUAR, a única organização a que estive ligado, muito por via do Zeca Afonso», como se lê na página 100 da biografia de Nóvoa, assinada por Fernando Madaíl, congregou à sua volta o «rebusco» da sociedade. À imagem da pescaria tudo o que vier à rede é peixe. As convicções ficam em casa.

António Costa antecipou-se, no apoio a este intelectual, no convencimento de que seria o homem certo para ganhar a PR, numa provável segunda volta. E traiu Maria de Belém. Como não há duas sem três, se Marcelo ganhar à 1ª volta, o PS de Manuel Alegre, de Jorge Coelho, de Vera Jardim e de outros varões socialistas, vai partir a louça.

Sampaio da Nóvoa foi quem mais atacou: Marcelo e Maria de Belém. É preciso ter alguns laivos de cinismo para usar a «Constituição da República», como seu programa presidencial, tentando rebater Marcelo ou Maria de Belém que desde a Constituinte, até hoje, com ela se debateram em diálogos acalorados, em situações essenciais, em pareceres técnicos que prevalecem. E, mais do que cínico, chegou a ser infantil para com o comentador da TVI por este usufruir do mediatismo televisivo. Mas Nóvoa não usufruiu do mediatismo reitoral que lhe adveio dessa função? Não terá sido por isso que Cavaco lhe preparou o palco mais apetecível, no 10 de Junho de 2012, quando proferiu o discurso no Dia de Portugal? Não estará Sampaio da Nóvoa a ser ingrato para com Cavaco ao acusá-lo de que desprestigiou o cargo? Mas não foi nesse dia e com esse discurso que ganhou a vocação política para deixar de ser soldado recruta para ser o chefe supremo das Forças Armadas? Não foi ele que trouxe esse chavão para a campanha?

Acaso não foi na quadratura do circulo, da SIC, que António Costa se notabilizou?

Sampaio da Nóvoa, a meio da campanha, quando se apercebeu de que Maria de Belém estava à sua frente nas sondagens, redobrou o nervosismo, deixou cair o verniz e tentou ser o vice-campeão da 1ª volta para marcar terreno na 2ª. Como ele não foi à tropa e pouco saberá da poda, incumbiu um capitão de Abril, hoje graduado em general, seu mandatário por Viseu, de acusar Marcelo, que tinha 25 anos, quando se deu o 25 de Abril e que não foi à tropa por ser filho do ministro do Ultramar. Este insulto provindo do mandatário de Nóvoa, resvalou, de ricochete, contra o candidato que tinha 20 anos e padecera da mesma proteção. E que culpa teve Marcelo de não ser convocado, se Jorge Sampaio, Freitas do Amaral e vários outros, também não foram tropas por influência paterna e são tidos como os pais da democracia portuguesa? Quem acusa quem? Pretendia Nóvoa ser general com base no estatuto do seu mandatário? Já um dos dez candidatos, também da área do PS, veio acusá-lo de que pelo facto de não ter sido tropa, não tem moral para ser o chefe supremo das forças armadas.

Alguns doutoramentos obtêm-se pelo estatuto do honoris causa. Mas o generalato só em revoluções como a do 25 do Abril. E Nóvoa não esteve lá. Resta saber porquê e com que base acusa o seu colega Marcelo Rebelo de Sousa. O juiz será o povo no próximo domingo".

 

17.01.16

Amigos do Monte Farinha que o Janeiro ceifou.

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Nestes últimos anos, o mês de Janeiro tem-me dado fortes desgostos. Foi há dois anos, com a noticia que recordo em Falar disto e daquilo, de 13/12/14, deste modo: “No primeiro dia de Ano Novo, 1 de Janeiro, deste 2014, ia da Bajouca para Minde quando nas proximidades de Leiria o meu telemóvel deu sinal que alguém me queria falar. Atendi e não demorou que viesse a triste noticia: Faleceu o senhor D. Joaquim Gonçalves!”.

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Este ano também, logo pela manhã, em Domingo de Reis, recebo a triste noticia que de pronto divulguei no Facebook, às 11h16: “ Está de pesado luto o concelho de Mondim de Basto, mormente a freguesia de Vilar de Ferreiros que ele paroquiou durante meio século. Acaba de falecer o Sr. Padre Guedes, o padre da Senhora da Graça”.

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Mas não fica por aqui, em 2015 foi uma cunhada que também a 02 de Janeiro deixou o Casal dos Afonsos (Bajouca-Leiria) e que muito a estimava. Dela divulguei logo no dia 03, em Falar disto e daquilo, a noticia: “Foi hoje a sepultar no cemitério da Bajouca, a bajouquense senhora D. Beatriz dos Prazeres Pedrosa, viúva de José Afonso e mãe de Maria José, João, José Carlos, Maria dos Anjos, Raul, Maria Helena, Irene, Maria dos Prazeres, Jorge, Maria da Conceição, e ainda de Isabel e Francisco Pedrosa Afonso, já falecidos”.

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 Isto para documentar que de facto tenho razão ao me queixar do mês de Janeiro, pois que neste aspecto tem sido muito rude para comigo. E se desço mais atrás, ao ano de 1968, ali vou dar com a perda de outro grande amigo e insigne conterrâneo meu, o Abade Miranda, padre Manuel António de Morais Miranda, de quem o autor de A Ermida do Monte Farinha, o Dr. Primo Casal Pelayo, na página 103, escreveu : ” Esperava eu de Deus a alegria de lhe poder entregar pessoalmente um volume desta monografia. A dura doença que o atormentou já, o não permitiu, pois que o quis ceifar naquele fatídico dia 09 de Janeiro, pelas 14 horas e trinta minutos “. Já todas estas almas partiram à minha frente, mas deixaram parte de si no meu coração, motivo porque as recordo com saudade neste Janeiro de 2016.

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Mais ainda porque estou recordando um Abade Miranda, que foi origem do meu empenho na defesa dos direitos de Vilar de Ferreiros na Senhora da Graça; de um Dr. Primo Pelayo que generosamente defendeu essa causa; de um bispo, como D. Joaquim que mereceu o cognome de “O Bispo da Senhora da Graça”; e de um sacerdote, como o padre Manuel Guedes, que auxiliado pelo saudoso Sr. Manuel Lopes, também falecido a 04- 01- 2013 - e pelo ainda muito dinâmico Mário Borges Lopes - na paroquia e no Santuário de NS da Graça deixou obra de realce. Nomes a perpetuar e por isso de gravar, senão em ouro, que pelos menos seja em bronze do utilizado nas sineiras das grandes catedrais. Assim o merece quem em vida zelou e generosamente serviu aquele famoso santuário e em particular a freguesia de Vilar de Ferreiros. São estes alguns dos verdadeiros amigos do Monte Farinha que o Janeiro ceifou.

 

12.01.16

Uma mondinense de respeito.

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Já uma vez, em Março de 2010, escrevi acerca desta minha distinta conterrânea, da diáspora, como eu, o que repito e teimo divulgar: "Não vai gostar, mas como a sei mulher que a quem como ela amar e defender a terra onde ambos nascemos é capaz de perdoar este meu atrevimento, eis-me a revelar o nome daquela "minha conterrânea  Mg que para ver e conhecer gente transmontana que em verso ou prosa honre as letras lusas não há igual!", como noticiei no blog Ao sabor do tempo, em post, de 26 de Fevereiro de 2010, intitulado "encontro cultural".  Trata-se da minha conterrânea Maria da Graça Borges de Matos, natural de Mondim de Basto, onde nasceu a 4 de Janeiro de 1956, filha de José Teixeira de Matos e de Maria Alzira Teixeira Borges". Como já divulguei, nada de novo até aqui. De novo, apenas que fez anos no passado dia 04, e que nem uma mensagem de parabéns lhe mandei. Nesse dia, infelizmente fui chamado, pela amizade que tinha ao saudoso Padre Guedes, à terra, onde eu e a Maria da Graça nascemos, para dar um ultimo adeus a esse amigo que Deus chamou a Si. A esta generosa senhora, amante da boa leitura e dos poetas e escritores transmontanos promotora, devo o lançamento que fez do meu nome junto de notáveis da nossa região, como Barroso da Fonte, Jorge Lage, Fernando Vilela e outros que se não fora o seu empenho e intervenção ficaria para eles no anonimato. Por isso e porque "o seu a seu dono", aqui deixo o meu publico reconhecimento à distinta conterrânea de quem também já disse:  "....  a fazer de tudo, numa pequena empresa familiar, de motores e máquinas industriais, com o tempo bem contado e ocupado no desempenho do seu trabalho profissional, acrescido da missão de esposa e dona de casa, os curtos momentos de descanso e lazer costuma aproveitá-los a ler e pela leitura e novas tecnologias manter-se a par das noticias e ocorrências que lhe despertam interesse. O manifesto orgulho que nutre por tudo quanto seja ou fale de Trás-os-Montes é motivo de sedução para esta mondinense que tem  particular admiração pelos conterrâneos e transmontanos que nas letras e artes se têm notabilizado".

          "Os nobres sentimentos de generosidade e gratidão com que por regra se adorna a alma transmontana fazem-se evidenciar e reflectir  nos actos e atitudes da Maria da Graça, como testemunhei no meu primeiro contacto (via internet) com esta senhora que me pediu para que  divulgasse  os nossos poetas e  escritores menos conhecidos do grande publico". Na ocasião o seu objectivo principal era ver divulgado o nome e a obra do já saudoso Dr. Nelson Vilela, que foi seu professor e benfeitor, após ficar órfã de pai. Uma mondinense de respeito.

 

10.01.16

Poética das cores

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Já lá vão muitos anos que visitei o distrito de Castelo Branco, na companhia do pai do consagrado pintor Manuel Cargaleiro, natural de Vila Velha do Ródão. Estava o pintor em Paris, mas encarregou o pai de fazer entrega da oferta de trabalhos seus à Câmara  Municipal de Vila Velha e ao Paço Episcopal de Portalegre. Nessa inesquecível jornada turística que os Amigos da Foz do Cobrão animaram, pude participar na entrega das obras, quer na Câmara, quer no Paço Episcopal de Portalegre, onde então almoçamos e conheci pessoalmente o saudoso bispo de Portalegre/Castelo Branco, D. Agostinho Alves de Moura, um insigne transmontano. Hoje ao receber um convite para assistir à abertura duma Exposição de Pintura, no próximo sábado, dia 16, às 17h00, sob titulo POÉTICA DAS CORES; do meu distinto amigo, o distinto Pintor António Carmo, a ver no Museu Francisco Tavares Proença Júnior, na cidade de Castelo Branco, veio-me à memória aquela passagem relatada e cuja data o meu consciente já deixou perder. Não deixem de visitar uma exposição que se vai prolongar ali e por certo vai maravilhar todos os albicastrenses e demais visitantes

 

07.01.16

Quero «viver apaixonadamente e morrer a tempo »

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 De Barroso da Fonte:

Convivi com Bento da Cruz na Barragem de Pisões na década de sessenta. Em 30 de Junho de 1962 abandonei o Seminário de Vila Real. E, nos primeiros dias de Julho seguinte, fui ali pedir emprego, recorrendo ao Senhor José Cruz que tinha sido primeiro sargento militar e que vivia maritalmente com minha prima, Maria do Carmo, professora do ensino primário. O seu Pai era conhecido pelo «Tio Vicente Terré», de Codeçoso que casara para Gralhós, onde a filha nasceu. Curiosamente veio a ser a professora que preparou para a quarta classe o atual Presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes, António Chaves, que curiosamente foi o maior confidente e biógrafo de Bento da Cruz.

O inspetor José Dias Baptista que foi meu condiscípulo de Seminário em Vila Real, desde o primeiro ano até que o abandonou para casar com a «Mingas», seu amor de sempre, desde cedo se iniciou nos trilhos da escrita e também do Jornalismo, tal como eu e o Bento da Cruz.

O Bento era mais velho (1925) e optou por Singeverga. Acabámos por reencontrar-nos os três, na Barragem de Pisões. A obra que alterou, radicalmente, o coração de Barroso, fez desse estreito da planura mais fecunda das margens do Rio Rabagão, palco do mais populoso acampamento que o amplo concelho de Montalegre teve. No auge da obra que se prolongou por toda a década de 1960/1970 terá sido habitado por cinco a seis mil pessoas, entre trabalhadores e familiares, para o que foi preparado o «bairro definitivo» e as habitações para os quadros superiores e operariado. Às habitações foram adicionadas estruturas essenciais: mercado, escolas, ginásios, piscinas, parques desportivos, albergaria, restaurantes, correios e gabinetes médicos. Após a inauguração os quadros acompanharam a HICA para outras obras; e os tarefeiros e indiferenciados desertaram para onde o destinos os levou: emigração, desemprego ou ocupações domésticas.

O lugar do Pisão foi promovido a aglomerado populacional. Aquele que foi o bairro dos trabalhadores e estruturas de apoio ficou abandonado. Alguns por ali ficaram, à míngua de melhor destino. E do pisão (engenho movido a água) de pisoar o burel das capuchas e mantas caseiras, ficou um sítio geográfico, com direito a paragem das carreiras regulares; o antigo escritório que lhe servia de apoio, virou café; e nas melhores habitações passaram a residir alguns técnicos e famílias que garantem o apoio logístico ao empreendimento.

Como disse atrás, quis o acaso que os três barrosões, fertilizados para as letras pelas águas do mesmo rio, ali nos encontrássemos. O Bento como médico dentista, ao serviço do pessoal da HICA; o Zé Baptista, como professor do ensino primário. Nascera ali perto, na Vila da Ponte, tal como a Mulher e dali nunca quis sair. Eu próprio, como Fiscal da Hica, ali me mantive, até 24 de Janeiro, dia em que ingressei na vida militar, em Mafra.

Inaugurada a albufeira, só o Zé Baptista por ali ficou. Fez-se à vida. Licenciou-se em História e optou por derivar. Cansado de dar aulas, concorreu à Inspeção e atingiu o topo da carreira. Nisso ganhou ao Bento e a mim, porque passou a vida inteira sem sair do berço do país Barrosão.

O Bento radicou-se no Porto, montou consultório e fez aquilo de que gostava. Eu, no regresso da guerra no Ultramar, fixei-me em Chaves e fiz-me à vida. A minhota que ao terceiro noivado me demonstrou as virtualidades míticas da água da mijareta, tendo ela nascido no Centro Histórico de Guimarães, foi colocada em Chaves. Por artes do mafarrico, a responsável pelos Serviços, destacou-a para Montalegre. Casando eu com ela cumpriu na perfeição as virtualidades míticas daquela água, reconfirmadas pelo Padre Fontes.

Acabei por fixar-me em Chaves, onde lecionei, e exerci as funções de chefe de Redação do Notícias de Chaves, semanário, onde colaborava desde 1962. Esta ligação ao mais influente jornal de Chaves, foi passaporte para muitas ramificações que estabeleci com a sociedade, com a cultura e com os amigos que me prenderam à vida e às ocupações que contraí pelos anos adiante. Uma dessas ocupações teve a ver com Barroso e com os Barrosões, nomeadamente com Bento da Cruz que por essa altura acabara de publicar, as Filhas de Lot.

     Depressa me integrei na comunidade Flaviense a ponto de, por concurso público, ser o primeiro funcionário do Centro de Emprego de Chaves que cobria os concelhos da região do Alto Tâmega. Mas foi através do Jornal que tinha como diretor o Prof. Soares Pinto, que pude envolver-me no mundo das artes e das letras. Verdadeiramente só a partir daí contextualizei a vida e a obra de Bento da Cruz que pela sua boca fui informado de que ainda éramos aparentados, por via de meu avô paterno que tinha nascido em Peireses e que cedo emigrou para os Estados Unidos, de onde nunca mais regressou. Infelizmente nunca cheguei a conhece-lo.

Odisseia com as «Filhas de Lot»

Se nos Pisões o meu contacto com o Bento da Cruz não passava do mero cumprimento de cortesia e do respeito mútuo, foi pelos jornais que fui sabendo da sua atividade literária. Ainda jovem adquiri Hemoptise, seu primeiro livro de versos que o autor renegou.

Em 17-2-1968, na rubrica «Tribuna» do Notícias de Chaves o próprio mencionou «o Planalto em Chamas» (1963), como a sua primeira obra. E nunca mais apareceu ao lado daqueles que se seguiram.

Quando, em meados de Junho de 1967, regresso do Ultramar e assumo a coordenação do Semanário, onde eu tinha abertura privilegiada, apercebi-me de que Bento da Cruz e a Família Castro Lopo, proprietária da Gutenberg que já tinha a livraria do mesmo nome e que acabara de comprar o jornal e a tipografia, haviam acordado executar, graficamente, o seu terceiro livro a que chamou Filhas de Lot, com o compromisso do Jornal proceder à sua divulgação. Ao contrário dos dois livros anteriores e dos posteriores que foram confiados, quer na edição, quer na distribuição a empresas com experiência, este terceiro romance apareceu no mercado com edição do autor.

Na edição de 15 de Abril de 1967 aquele semanário dava uma notícia breve nos seguintes termos:

É posto à venda na próxima sexta-feira o novo livro de Bento da Cruz «Filhas de Lot». Esta obra é distribuída pela papelaria Gutenberg. Durante a manhã de Sábado o autor dará uma sessão de autógrafos.

Ora a qualidade gráfica dessa edição fora pouco cuidada. A Gutenberg funcionava bem como gráfica, mas não como distribuidora. E daí que esse terceiro livro não tivesse a difusão que se esperava. Os poucos exemplares que se distribuíram circularam na zona do Alto Tâmega, entre pessoas e classes sociais que quiseram certificar-se do seu conteúdo. Ou então expedidos por correio, na sequência de pedidos formais à Gutenberg. Era usual, à época, o autor enviar dois exemplares a jornais que costumassem noticiar a saída. Um exemplar destinava-se à biblioteca desse jornal e o outro ao crítico que o lesse para redigir uma nota, habitualmente breve.

Como trabalhei nessa tipografia até 1975, acompanhei esse processo e pude ver exemplares dessa edição, por ali acantonados, entre tintas e papéis velhos. Presumi que, pior do que o trabalho gráfico, terá sido a deficiente distribuição. Verdade é que foram dois recensores do Jornal de Notícias: José Viale Moutinho e Ramiro Teixeira que se incumbiram de recensear e promover esse autor e a sua obra. Coordenavam eles o sector das referências aos livros que chegavam à redação desse matutino. E já por essa altura o pendor ideológico influenciava o panorama cultural.

   Bento da Cruz que em Singeverga alicerçara a sua bagagem linguística e literária nos grandes clássicos latinos e que sempre estigmatizou o drama social das gentes de Barroso, em tudo o que produzia, fez dessa veia interior, o íman de toda a sua obra que dilatou, numa série de romances que o catapultaram para tronos que nem sempre foram consensuais.

Ao mérito do autor que arrastou consigo uma peculiar forma de narrar factos, de criar ambientes e de lhes adicionar tiques condizentes com os cenários bucólicos, num mundo original como são as Terras de Barroso, acresceu o fator político. Os seus parceiros de ambientes urbanos, viram nele predicados estilísticos que aos próprios faltavam. Deram-se bem nos secretos sínodos que sempre existiram nas sociedades em evolução apressada.

A revolução de Abril operou-se quando Bento da Cruz mais precisava de clarificação para o seu rumo editorial. Todos os fatores se conjugaram nele e na sua obra. Tinha ela pernas para andar. A temática social era propícia. Antropologicamente as terras de Barroso eram propícias à sementeira. O linguarejar prestativo. A etnografia apropriada. Enfim, à experiência rural só faltavam os meios: clima ajustado à fertilização, os adubos para o crescimento e o estendal para o sequeiro.

Nada disso faltou a Bento da Cruz. Foi deputado à Assembleia da República, a Editorial Notícias e a Âncora compensaram alguma ineficácia da Gutenberg. A crítica nacional correu de feição. A autarquia natal funcionou como a Santa Bárbara em dias de trovoada. Por acréscimo vieram os mimos sociais: a perpetuação do seu nome na maior Escola pública do concelho, uma avenida e respetiva travessa na sede de concelhia, um busto em bronze artístico e um anunciado centro cultural que ficará para a próxima revolução.

Ao mérito inegável de Bento da Cruz correspondeu a mais importante de duas vertentes: a sorte e o azar. Esta bidimensionalidade faz parte da vida de qualquer pessoa. E acontece todos os dias. Um avião cai e morrem todos os passageiros. Logo se vem a saber que mais um passageiro se destinava àquele voo. Mas perdeu o avião e não embarcou. Na praia do Meco: morreram 6 naquela praxe académica. Mas eram sete. Um salvou-se. Num sismo morrem centenas. Uma semana depois há uma criança, um velho que sobrevive. Logo se fala em «milagre».

Sejamos claros: para tudo na vida é preciso ter sorte. Bento da Cruz foi, inegavelmente, um bom contador de estórias. E por isso ficou na História de Barroso. Mas a sua maior sorte foi ser um ideólogo de esquerda, ter criado um jornal que foi a voz dessa esquerda, ter a seu lado a imprensa da esquerda e o apoio editorial para dar voz a esse ideário. Digamos que foi tão sortudo como bom romancista. Também no desporto não há campeões sem sorte.

Contraponto e Descoberta na obra de Bento da Cruz

A amizade pessoal que Bento da Cruz granjeou com a sua radicação no Porto e sobretudo, graças à sua ideologia política que nessa altura era fator decisivo, o autor de Filhas de Lot, viu compensado o erro de fazer uma edição de autor, ao ter o apoio incondicional de dois críticos influentes não só no JN, onde trabalhavam, mas também noutros órgãos de influência da mesma área. A esquerda ideológica estava organizada e era solidária, fosse na maçonaria, fosse na Seara Nova, na Sedes, na Opus Dei, fosse em tertúlias de cariz cultural, económico, religioso e, sobretudo, político.

Exemplo claro desse apoio literário foi a entrevista que José Viale Moutinho assinou no JN e que o Notícias de Chaves transcreveu ipisis verbis na edição de «Sábado, 22 de Abril de 1967».A essa entrevista chamou Viale Moutinho «Contraponto e Descoberta» Este diálogo com Bento da Cruz é ilustrado com uma foto do próprio, fumando cachimbo.

A dado passo afirma Viale Moutinho:

-Estamos em 1967, Bento da Cruz escreveu «Filhas de Lot». Outro romance que saiu da tipografia e está fresco, nas montras das livrarias.

-   A história de Lot e suas filhas vem no Génesis, capítulo 12, versículo 30 e seguintes. Outro conto: o de duas raparigas e um rapaz perdidos numa aldeia barrosã. Um rapaz culto, flagelado por todas as tentações da carne e algumas do espírito, ateu e profundamente religioso; uma professora fiel às crenças familiares, muito digna moral e uma enfermeira para a qual, em costumes e religião tudo está bem, desde que possa gozar a vida e fruir o amor – uma existencialista a seu modo e no seu meio. Para lá da «casa escola», ficam as amaldiçoadas terra de Sodoma e Gomorra, neste caso, as terras arcaicas do Barroso, particular Gostofrio, cujos habitantes passam e perpassam no olhar da professora debruçada à janela».

- Qual é o trajeto em «Planalto em Chamas» e «Filhas de Lot»?

- O trajeto, inevitável e ascendente da minha evolução de ficcionista. É natural que eu me tenha esforçado por corrigir em Filhas de Lot erros dados em Planalto em Chamas e em ao Longo da Fronteira. Talvez haja mesmo duas ou três personagens do «Planalto» reconhecíveis em Filhas de Lot, caso do pastor de ovelhas: primeiro pastor de ovelhas, depois pastor de almas.

 

     O meu herói é aquele que nunca pegou em armas

António Roque e José Luís Sarmento coordenaram ao longo de quase um ano, entre 1967 e 1968, na 2ª página do Notícias de Chaves uma rubrica a que chamavam Tribuna

Essa secção tinha 13 perguntas de algibeira: a resposta à primeira usei-a em título desta nota necrológica.

À quarta perguntava-se:

- diga-nos a sua opinião sobre o amor.

Bento de Cruz respondeu: - «...amor super omnia. Só per ipsum, et cum ipso, et in ipso, o homem vivit, regnat et inundat per omnia secula seculorum. Amén!»

À sétima pergunta:

- que mais detesta no homem ?

- a hipocrisia!

Como se vê Bento da Cruz era parco e incisivo nas respostas. E demonstrava que sabia latim. Mesmo quando interrogado acerca de um tema universal e intemporal. O investigador desta vida e obra terá que rebuscar perto de casa, as minúcias que pouco representaram no processo de criação literária que após a sua morte, tiver de fazer-se, para o bem e para o mal.

Esta ideia do seu amigo e compadre Zé Baptista é a primeira e aparece por volta dos 91 anos do seu nascimento. A um ano de distância ainda está fresca a sua partida. Uma das suas bandeiras parou com a sua morte. O Jornal Correio do Planalto. Durante 40 anos foi sobrevivendo e alimentando o fogo de uma fação ideológica. Ajudou a muitos, contestou bastantes e silenciou-se naturalmente, como obra humana que é.

   Tendo sido vetado como colaborador, meses depois do seu aparecimento e zurzido uma vez por outra por razões ideológicas, nem por isso o hostilizei. Orgulho-me – isso sim - de ter encadernado em sete volumes, por ordem cronológica as quase setecentas edições que produziu ao longo dos seus 40 anos de vida. Entendi e continuo a entender que um jornal é uma privilegiada fonte da história local. Este e todos os demais que se publicaram em Montalegre, desde 1950 e também na região do Alto Tâmega, tive o cuidado de juntá-los à minha bagagem pessoal. Alguns foram para Angola, voltaram comigo, levei-os para Chaves e acompanharam-me para Guimarães. Aqui gastei muitas noites e muitos fins-de-semana a ordená-los por títulos, por datas e por anos. No meio de cerca de cerca de 700 edições faltaram poucos: ou porque se extraviaram no correio, ou porque foram confundidos entre outros papéis inúteis. Tive o cuidado de manuscrever no princípio de cada encadernação os números que faltam. O que digo do Correio do Planalto digo dos restantes Jornais que houve em Barroso nestes cerca de 75 anos de vida. Fiz entrega dessas coleções, tratadas com todo o carinho, durante a Última Feira do Livro em Montalegre. A sua responsável preparou-lhes uma estante e ali podem ser consultados em conformidade com as regras da Biblioteca.

Penso que será uma das valências mais utilitárias a quanto gostarão de saber o que de mais importante se passou em Terras de Barroso.

Os biógrafos de Bento da Cruz não poderão prescindir dessa consulta. A sua vida e obra, os altos e baixos da vida política, as alegrias e tristezas eleitorais, a vida comunitária passam, obviamente pela consulta dessas coleções.

Ainda agora para afirmar o que deixo dito recorri às coleções do Notícias de Chaves e à Voz de Chaves para encontrar a colaboração de Bento da Cruz. Não só em folhetins das Filhas de Lot, mas também artigos soltos sobre temas vários. Diversos, por exemplo, sobre o Mosteiro de Santa Maria de Pitões das Júnias.

São mais umas trinta coleções dos periódicos de Chaves, de Boticas, de Vila Pouca de Aguiar, de Valpaços, da Régua. Se a Câmara de Montalegre manifestar interesse, poderão reforçar aquele lote de 75 que já ofereci, em Junho de 2015. O que se oferece deve ser valorizado, desejado e franqueado aos utentes. Já que o restante espólio que ofereci em 9 de Junho de 2011 e que ficou registado em ata de câmara de O7/01/2013 e que foi referenciado, em edital nº 04/2013/DAGF, pago ao Correio do Planalto, como publicidade institucional, na edição 650, não deu entrada, por falta de verbas para o acolher nas condições que haviam sido acordadas pelo Executivo anterior.

 

O meu testemunho final

Para acalmar alguns leitores que, ao longo da minha vida ativa, acompanharam as minhas discordâncias em relação a Bento da Cruz deixo aqui identificado o artigo que assinei no Notícias de Chaves em 5 de Agosto de 1967, com o título: Bento da Cruz – apelida-se escritor do sétimo dia, mas ele é, para além da má vontade de muitos, um dos maiores romancistas do nosso tempo.

Imediatamente a seguir a esse título e subtítulo que proclamei, no distante ano de 1967, sobre Bento da Cruz e sua obra até aí produzida, afirmei o que pode ser lido naquele original, quando eu ainda não era coordenador redatorial. Disse mais o seguinte: nascido no coração de Barroso, é Barrosão dos pés à cabeça; e embora ameaçado, como ele confessa, por cartinhas de amigos que o aconselham a mudar de terra para não ser deslombado por causa das suas fábulas a respeito de Barroso, não muda mesmo de terra, nem se faz apátrida. Ele é o que é e, para além da má vontade de muitos, é Bento da Cruz um dos grandes romancistas da sua geração. Por que nascemos e somos partidários do mesmo sentimento bairrista; por que nos banhámos nas águas do mesmo rio e rasgámos as calças de pastor nos mesmos penedos; porque vemos a realidade implantada na mesma cozinha de Gostofrio – a Arca de Noé -; por que conhecemos a relação dos mesmos seres humanos, dos mesmos animais e do recheio da natureza rural... Por que vivemos os mesmos problemas, da fome, do frio, da batata, da emigração, da guerra e do abandono; e sobretudo por que nascemos com o destino marcado de repórteres da mesma realidade social, não condenamos, antes aplaudimos a denúncia que Bento da Cruz expõe nas Filhas de Lot.

Sabemos que o Povo de Barroso não gostou do livro. Melhor: o livro foi mal recebido porque põe em contraste duas classes sociais dominantes: o Padre e a Professora. E crente como é, o povo desta Terra para quem o Padre é uma espécie de ente super-humano, ofende-se com tudo o que for contra a sua dignidade.

A terminar esse testemunho em defesa de Bento da Cruz quando, a propósito das Filhas de Lot, houve reações violentas contra ele pelo descrédito em que envolvia o clero e as docentes da região, exarámos nesse artigo: sabemos ser com mágoa que Bento da Cruz afirmou perante as «cartinhas dos amigos que o aconselhavam a mudar de terra para não ser deslombado.» Fez saber o polémico autor que «deixaria os barrosões em paz, não por medo ao estadulho mas por se convencer de que não vale a pena gastar cera com fraco defunto».

Nós que acabáramos de chegar da guerra e que nos conheciam como referencial de defesa das gentes da Região Barrosã, poderíamos ter aproveitado o ensejo para incendiar a fogueira. Fizemos o contrário. Preparámos esse artigo que existe e comprova: «se os nossos conselhos de algo podem contar, pedimos a Bento da Cruz que não dê ouvidos a esses fracos defuntos, porque desistir é próprio dos fracos e dos fracos não reza a história». Volvidos 49 anos, apesar das altercações sociais, culturais e políticas que envolveram a sociedade, por motivo da mudança de regime que caluniou aqueles que não lhe bateram palmas, antes foram vítimas de algumas dessa euforias exacerbadas, como foi o meu caso, tendo razões para expressar as injustiças de que fui alvo, ontem e hoje, em vez de trazer aqui um desabafo de desforra, entendo ser mais coerente, reproduzindo parte daquilo que escrevi e afirmei, quando dispunha do Jornal que coordenei até 1975 e outros nos quais, colaborei nos 63 anos de militância jornalística a sério.

  

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