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Portugal, minha terra.

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Portugal, minha terra.

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28.09.15

O meu muito obrigado

aquimetem, Falar disto e daquilo

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Há quase dois meses que não entrava no templo de Nossa Senhora da Victória (na Baixa-Chiado). Foi hoje; e logo, momentos depois, tive, a modos de gratificação divina, um encontro com um amigo que não esperava encontrar. Encontro que fica marcado pela oferta, com dedicatória, de uma pintura, em poster, de António Carmo, intitulada “A Última Tertúlia da Brasileira do Chiado“. Nela (pintura) , se dá realce a três notáveis artistas do cinzel e da paleta cuja fama já se encarregou de os celebrizar, e que são: O escultor Virgílio Domingues, o pintor António Carmo e o escultor e joalheiro Alberto Gordilo. Ao pintor e autor da pintura que me fez a oferta o meu muito obrigado.

 

25.09.15

António José Seguro volta porque Costa não tem pedalada

aquimetem, Falar disto e daquilo

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Por: Barroso da Fonte:

"Talvez já seja demasiado tarde, mas António Costa já tem as orelhas a arder pelas mordidelas de A.J. Seguro. Este acusou aquele de passar o tempo à janela do seu gabinete na Câmara de Lisboa A dado passo terá entendido que ser presidente da Câmara não satisfazia o seu ego. E pretendia chegar ao céu. Por isso lhe passou a rasteira mais humilhante que se viu entre camaradas, nestes 40 anos de democracia. Após a vitória das Europeias, em vez de se congratular com o resultado, Costa foi tão ignóbil que nem deixou Seguro saborear uma vitória legítima, transparente e representativa.

O que se seguiu no Partido Socialista transpirou para o exterior. Foram meses atabalhoados com a preparação das primárias e da eleição mais renhida de que há memória. António Costa aliciado pela geração dos reumáticos que há em todos os partidos e que corriam perigo com a liderança Segurista, quebrou o compromisso que fizera com os eleitores da Câmara de Lisboa; e congeminou tudo o que de pior havia para unir o maior partido da oposição, legítimo candidato a todos os eleitorais. Foram meses de fervor e de furor. Compraram-se votos, ressuscitaram-se eleitores, inscreveram-se online alguns e, casos mais delicados, tiveram repercussão no país e no estrangeiro, fecundando ódios, zangas, saneamentos, dentro e fora do PS.

Costa venceu, mas não convenceu. António José Seguro, demonstrou ser íntegro, sério e coerente. Retirou-se sem se vergar e passou a militante de base. Ao contrário de A. Costa que anda farto de dizer que «palavra dada é palavra honrada». Trocou a janela da Câmara de Lisboa, pelo pomposo título de «Primeiro ministro de Portugal». Mas tem vindo a pagar, com língua de palmo, a tremenda ingratidão, deslealdade e falta de ética que revelou com essa sua insaciável vontade de ser o maior.

Nas eleições autárquicas teve uma estrondosa derrota na Madeira. No continente fez com que em diversas Câmaras do país houvesse «saneamentos» dos Seguristas, como Cabeceiras de Basto, Fafe, Braga e por aí adiante. Não satisfeito com o divisionismo que partiu o PS a meio, voltou a sentir-se a sua perseguição na elaboração das listas para a Assembleia da República.

Foi notória a perseguição, mesmo a figuras de proa que haviam brilhado no Parlamento, caso de Miguel Laranjeiro que fora o primeiro por Braga e que nunca mais se viu ou ouviu. Cito-o pela amizade e respeito que tenho por ele, pois foi com ele e com Bento Rocha que criámos a Radio Santiago (de Guimarães).

Vejam-se o Expresso de 20-7-2015, ou a Renascença de 30-11-2014. Revejam as redes sociais.

Como se este embaraço não bastasse, a imprensa nacional, vendo que o «bombeiro voluntário do PS», não dava o litro, começou a ser questionado por «Costa não ter pago a contribuição autárquica quando era ministro da Justiça» (1999- 2002). Costa negou. Mas logo veio à ribalta um artigo do Tal & Qual num registo do Facebook de Carlos Sá Carneiro.

O Público de 20-2-2015, veio a terreiro acusar Costa de, na qualidade de Presidente da Câmara de Lisboa, aprovar 3 milhões de euros para uma nova mesquita muçulmana, a construir na Mouraria. Também nunca foi esclarecido o caso que o jornalista José António Cerejo noticiou no Público sobre «a Casa do Presidente em que o autarca viveu no seu primeiro mandato e que havia sido restaurada para unidade hoteleira, em Monsanto. Outra decisão que nunca foi clarificada tem a ver com subsídios bizarros que Costa atribuiu à famigerada Fundação Mário Soares. As redes sociais escreveram que essa «quinta» de Soares recebeu 3.400 milhões dos governos de 2008 a 2012 e isenções fiscais de 268 mil euros da Câmara Municipal de Lisboa. Pior ainda: nessa mesma fonte se afirma que «A Fundação Mário Soares recebeu de Ricardo Salgado (do BES) 570 mil. E auferiu de Sócrates 600 mil euros, totalizando 3.400 milhões do governo PS». Os lesados acusam o governo. Mas conviria que mandassem averiguar que políticos «mamaram» do BES e de Ricardo Salgado!

O que Costa fez de diferente foi um conclave com alguns economistas, seus amigos, que debitaram para um documento político números que, aplicados à realidade nacional, não tiveram outro efeito que não fosse entregar ao candidato socialista, meia resma de papel timbrado que vai engrossar as debilidades do candidato impreparado, sem garra, sem discurso, sem carisma e sem alma que levante Portugal do fosso em que os seus pares o atolaram. As sondagens afirmam isso.

Ora diz, ora desdiz, ora amaldiçoa ora absolve, ora elogia ora condena. Fez isso a Seguro, fez isso aos Seguristas, fez isso a Manuela Ferreira Leite. Fará isso àqueles que no futuro não se verguem à sua insaciável vaidade de ficar na História. Só neste arranque final quem o não conhecia reparou que António Costa não tem perfil para empolgar multidões, para se impor nos areópagos europeus, para honrar a Pátria que lhe paga. Quem, em 2011, apelava à oposição para viabilizar o orçamento socialista e vem, agora, dizer no debate decisivo que não viabilizará o orçamento da Coligação se   se ele perder as eleições, não tem alma Portuguesa. É nestas alturas que se mede o verdadeiro nacionalismo. Como ninguém pode dar aquilo que não tem, António Costa deverá ajoelhar-se perante António José Seguro, pedir-lhe desculpa e entregar-lhe o Secretariado que ganhara em ato legítimo de que foi destituído rocambolescamente. De qualquer maneira que ganhe o melhor!",

 

20.09.15

Freitas do Amaral e a plasticina

aquimetem, Falar disto e daquilo

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 De Barroso da Fonte:

«No JN de 17 do corrente, Nuno Melo, deputado Europeu dissecou o fundador do seu Partido Político, Diogo Freitas do Amaral, em termos que mexeram com a minha indignação contra este político de craveira nacional. Não sendo capaz de dizer tanto, nem tão apropriado, quero declarar que subscrevo, integralmente, essa dissecação política. Faço-o pelas seguintes razões:

Primeira: conheci e admirei por muitos anos seus Pais: o Engº Duarte do Amaral e sua Mãe Filomena. Fiz parte da Comissão Organizadora do Primeiro Congresso Histórico de Guimarães, em 1979, à qual presidiu Duarte do Amaral que me honrou com uma gratificante citação no livro das atas, durante a sessão solene da abertura. Pode ser consultada. A Mãe sobreviveu ao Pai vários anos. Era um exemplo de Senhora laboriosa, de uma simpatia incomum, de um trato admirável. Embora fosse Poveira, vivia na sua Quinta de Penselo, em Guimarães e ela própria, abastecia, diariamente, o mercado municipal, todas as madrugadas da semana. Retenho esse sentimento de bondade, de trabalho e de civismo que, nutri pelo respeitado casal: ele Vimaranense e ela da Póvoa de Varzim, onde o filho nasceu, em 21 de Julho de 1941.

Segunda: ainda antes do 25 de Abril de 1974, acompanhei o psicólogo Carlos de Sá Ramalho, ao tempo diretor de Recursos Humanos na Coelima, a casa do já então Prof. Diogo Freitas do Amaral, em Lisboa. Haviam-se conhecido na Universidade. E, como Carlos Ramalho fora meu colega de Trabalho, no Centro de Emprego de Chaves, acompanhei-o como amigo que nunca mais deixei de ser, até que a sua morte nos separou. Foi durante esse encontro que conheci o anfitrião Freitas do Amaral. Retive dele uma espécie de idolatria até à revolução dos cravos.

Terceira: Com o eclodir desse golpe militar formaram-se diversos partidos políticos. Diogo Freitas do Amaral, com Amaro da Costa, Basílio Horta e outros, fundaram o CDS que teve os seus primeiros incidentes junto ao Teatro Jordão, na cidade de Berço, onde houve forte tiroteio e escaramuças que ficaram na memória de quem assistiu, envolvendo figuras ainda vivas que ascenderam a governantes e a outros cargos de relevo. Pessoalmente não aderi a qualquer partido político até 1984. Como jornalista procurei separar as águas e fui daqueles que na imprensa regional mais combati, por exemplo, a Câmara de Guimarães, ao tempo da AD. Paradoxalmente, em 1986, fui convidado a entrar nas listas do PSD à Câmara e fui eleito na lista presidida pelo candidato que presidira, três anos antes, ao Executivo da AD que eu tanto combatera.

Quarta: Eleita a lista que a que pertencia, fui convidado, na qualidade de Jornalista, para liderar a comissão local de apoio à candidatura de Freitas do Amaral. Aceitei pela boa imagem que tinha do candidato e, empenhei-me em cumprir o meu papel. Na 1ª volta, venceu as eleições contra Mário Soares e Salgado Zenha. À segunda volta Freitas perdeu. Hoje, penso que perdeu bem pela sua incoerência ideológica e pela sua vã glória de dar nas vistas, não passando de um homem comum.

Quinta: Com a minha entrada na política ativa aquele que eu apoiara e pelo qual me batera, começou a perseguir-me e a desgostar-me. Em 1990, quando, já retirado da vida ativa e após ter sido nomeado Diretor do Paço dos Duques de Bragança e do Castelo da Fundação, Freitas do Amaral, num ato público em Braga, teve o desplante de me chamar «boy» do PSD.

Depois disso constatei que tal político não passava de uma marioneta, mudando de ideário como quem muda de camisa. Ora dizia mal do PSD, com o qual se aliara, ao tempo de Sá Carneiro, ora maldizia os seus líderes que se seguiram. Tanto elogiava os adversários, como renegava as orientações que defendera, quando criara o CDS. A ponto de gerar conflitos com grande parte dos seus dirigentes.

De repente apeteceu-lhe ser ministro e logo recebeu de Sócrates a pasta dos negócios estrangeiros. Depois, por alegadas razões de saúde, demitiu-se. Acabou por enriquecer o seu percurso político, não pela qualidade dos bens que produzia ou do progresso económico, ou cultural que preconizava, mas pela diversidade dos cargos, de funções e de pareceres que alardeava, frente aos ecrãs televisivos ou radiofónicos. Sempre ambicionou mais isto e mais aquilo. Serviu com Soares, com Sócrates e almeja, agora, fazer um brilharete com António Costa. Já veio holofotes da fama, desejoso de recuperar o mediatismo de que sempre viveu. Fazendo tábua rasa do seu passado político apressou-se a escrever na Visão que «só com o PS, poderá haver justiça social em democracia e na Europa». É óbvio que só não mudam os burros. Mas tantas vezes e tão bruscamente, por parte de pessoas sobre as quais fiz declarações publicas que hoje me enojam, é meu dever moral, enquanto estou no verdadeiro juízo, demarcar-me para que não conste no meu honrado trajeto existencial, tão aberrante mancha.

O Diário de Notícias de 1-5-2005 escreveu que «Freitas do Amaral é o ministro mais rico do Governo de José Sócrates». Diz Filipe Santos Costa autor da notícia que «de acordo com as declarações de património apresentadas no Tribunal Constitucional que o Primeiro Ministro, pelo contrário, foi dos ministros que entregou uma declaração de IRS mais modesta, apesar de ser dono de um apartamento num dos edifícios mais luxuosos de Lisboa e ter na garagem, um carro vintage – Mercedes 230 SL».

Tenho vindo a ler os livros de Freitas do Amaral. Num deles escreve que a seguir aos ziguezagues partidários por que passou e, sobretudo, após o endividamento que contraiu com a campanha presidencial, viveu dificuldades financeiras graves. Se volvidos cerca de 20 anos já era o ministro mais rico, terei que consulta-lo para que me ensine a enriquecer. É que eu nasci dois anos antes dele. Trabalhei, pelo menos, tanto como ele e ainda trabalho noite e dia. A única viatura que uso para toda a família, já completou 30 anos. Estudei tantos anos como ele, no tempo em que se estudava a sério e não havia influências estranhas, como no seu tempo. Até por isso, ele mesmo não foi à guerra, nem à tropa, tendo muito mais físico do que eu. E anda este arrogante político a vender justiça, competência, honestidade e democracia. Como Nuno Melo, acaba de afirmar: Freitas do Amaral: «validou decisões de Sócrates que redundaram na tal tempestade que o país enfrentou». »

 

 

 

 

 

 

18.09.15

Donzília Martins e o seu Espólio de saudade

aquimetem, Falar disto e daquilo

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De Barroso da Fonte:

"Um artista, seja da palavra, da música ou da pintura, tem duas vidas: a primeira é aquela que lhe pertence e a segunda é aqueloutra que pertence aos seus leitores e admiradores. Naquela realiza-se, desdobra-se, gera-se e cumpre-se no ciclo existencial como ser finito que é. Nesta distribui-se, entrega-se e perpetua-se no processo gerativo da maturação universal. A aldeia global não é mais do que a amálgama daquilo que Lavoisier purificou na máxima: na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.

Depois da leitura de mais este pequeno-grande livro – Espólio de Saudade - de Donzília Martins, fica-se com a ideia de que esta escritora, nasceu, formatou-se e cumpriu o seu ciclo de vida, preparando-se para nos legar as moléculas da sua formatação multimodal. Não será o universo o somatório desse processo criativo que se chama progresso?

Rainer Maria Rilke insistiu em afirmar que o importante daquilo que se cria, não é através dos grandes mistérios mas sim na obtenção de algo que se retire da vulgaridade.

Ocorre-me lavrar este intróito quando me chega às mãos este Espólio de Saudade, ora em prosa ora em verso, abordando temática comum a todos os viventes, de qualquer espaço e tempo. Em 128 páginas de texto corrido, aqui e ali, ilustrado com fotos, a preto e branco, que a própria autora obteve, Donzília Martins convida-nos para o repasto desta recolha que arrasta consigo, desde que nasceu, em 25 de Setembro de 1942, na vila de Murça. O que fez ela para se realizar, profissional e familiarmente na vida, já quase todos nós conhecemos pelos jornais, revistas e livros. Gastou-a a aprender e a ensinar. Constituiu família e também nisso foi admirável. Dois filhos amorosos e três netinhas encantadoras.

«Estendo as mãos à lareira apagada e a fogueira da infância ainda me aquece a alma. Cada lembrança é um tijolo a construir a minha vida. Através da escrita quero eternizar a minha memória para que não morra. Por isso regresso, para guardar o que de belo existiu na minha infância» - confessa a autora

Donzília Martins, depois desta jornada sócio-profissional de eleição, deu largas à sua imaginação fértil de bondade, rica de humanismo e transbordante de amor telúrico. Já depois de aposentada e da Família, positivamente, estruturada, voltou-se para as artes e as letras. Uma boa dúzia de livros, em prosa e poesia, garantiram-lhe acesso ao convívio dos eleitos que em certames literários, em encontros formais e associações de classe, lhe granjearam estatuto de escritora de pleno direito. Na página 5 desta sua mais recente obra, explica a razão deste seu último livro. Nas primeiras 33 páginas memoriza, em desabafos intimistas, esses diálogos que tantas vezes travou com os irmãos e familiares mais próximos. Decora as paredes da casa paterna com versos saudosos que respiram «doces prazeres, suaves alegrias, balidos de pastores, carrilhões dos cavalos e aromas de flores»

Já na 2ª parte mais doze tempos, visitas ou estações, a justificarem «estas recordações do passado, este espólio de saudade que me ajudam a viver, me dão alento e ânimo para a caminhada que se aproxima do fim. São vários os quadros que moldam os recantos da minha memória, as telas da minha lembrança que me construíram a vida» (pp.36).

Na terceira parte a autora rememora cada canto do seu berço, inspirada no escalonamento que o Prof. Ricardo Vieira, fez quando caracterizou «uma casa na Província». Uma espécie de via-sacra àquele calvário que Donzília Martins protagoniza, agora, desde a página 39 à 88. Constitui um prazer espiritual, ajoelhar em cada uma destas estações, numa espécie de oração penitencial.

   A terceira parte deste Espólio de Saudade, desde a página 91 à 128. É uma espécie de regresso do filho pródigo ao lar que teve tanta vida, tanta gente e tanto sonho, quando já nada mais existe do que solidão, silêncio, vazio sepulcral.

O Sentimentalismo fala mais alto: «As portas rangem! Nem interessa fecharem bem!/... fecham (agora) devagar, dolentes, em vozes mortiças./ Passo-lhes a mão. Sorriem para mim como quem pega a cruz/...»

Esta autora Transmontana, declaradamente, merece palmas pelo seu roteiro existencial. Por razões profissionais radicou-se em Paredes. Mas a vila de Murça orgulha-se de tê-la ao lado Frei Diogo de Murça, de António Borges Coelho e de alguns outros que já merecem ter o seu «panteão». As obras que já editou, os reflexos da sua produção literária e o seu mediatismo em tantos e tão diversificados palcos, já mereciam um lugar ao sol na praça onde se mostra o herói nacional que é o Soldado Milhões. E porque não municipalizar a Casa-Museu com o espólio da Família Donzíla Martins? Seria uma simbólica prenda para os seus 73 anos de vida, prenhe de autenticidade, de fraternidade e de saber".

 

15.09.15

Cuidado com os ressabiados da Política

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 Por: Barroso da Fonte:

"O debate da última quarta-feira, acordado pelos três canais generalistas da televisão portuguesa, entre Passos Coelho e António Costa, foi uma sessão de verdadeiro striptease lusófono. Mais do que esclarecer, confundiu e, mais do que identificar os bons costumes do futuro primeiro ministro, trouxe à ribalta, dois cidadãos que convivem mal com o civismo que o cargo exige. Foram evidentes o nervosismo, o insulto e até o atropelo que, aqui e ali, embaraçaram os moderadores. Vive-se hoje a cultura do princípio de que só é notícia aquilo que as televisões mostram e dizem. E não é menos verdade que as televisões, todas elas, saturam, enervam e prejudicam mais do que informam os telespectadores. O povo, esse povo amordaçado, extorquido, espezinhado por todos os políticos que, em nome de princípios democráticos, governaram o país, desconfia de todos e de tudo. E tem fortes razões para não acreditar em governantes que prometem o céu e nem o purgatório podem garantir. Os 40 anos que decorreram, desde o 25 de Abril de 1974, são mais que suficientes para comprovar esta evidência.

O penúltimo governo agonizou. E aquele que se lhe seguiu, não conhecendo aquilo em que se ia meter, prometeu o possível e o impossível. Fosse quem fosse a substituí-lo teria que fazer das tripas coração para devolver ao País e aos seus cidadãos, a dignidade, o equilíbrio e a justiça que uma sociedade democrática exige. Em quatro anos fomos todos a «pagar as vacas ao dono». Alguns syrizas que por aí há, tentaram convencer o poder político para que não pagasse as dívidas. Os escravos, mais uma vez, voltaram a ser os pobres, os silenciados, os burros de carga que se confundem com a classe baixa e média. Ao fim de um mandato, como acontece em todas as empresas e instituições públicas e privadas, é obrigatório encerrar o plano de actividades e as contas. Para isso existem os chamados conselhos fiscais de uma qualquer direcção associativa.

Do mesmo modo existe o Tribunal de Contas que sanciona os gastos, responsabilizando os desvarios. O debate fez-se em moldes inovadores e três jornalistas, um de cada estação televisiva, moderaram o diálogo. Não foi por eles que o espectáculo desagradou a gregos e a troianos. Foi estragado pelos pirómanos da política que desde o 25 de Abril de 1974 se têm intrometido, aqui, ali e acolá, na ânsia de fama e de proveito. Exemplos contra natura existem em todas as forças partidárias. Mas ao acaso cito meia dúzia: Manuela Ferreira Leite, Diogo Freitas do Amaral, Pacheco Pereira, Mário Lino, Helena Roseta, Basílio Horta, António Capucho. São dezenas. Centenas, milhares...

Não refiro nomes que estejam a contas com a justiça para que não me acusem, como fizeram a Paulo Rangel. Pelos vistos, aquilo que até à prisão de Sócrates, era corrente fazer-se em debates desta natureza, de repente, mudou de moda. Que assim era reafirmou-o Teixeira dos Santos, no JN de 22 de Agosto, ao recordar as palavras de Santayanna: «Aqueles que não conseguem lembrar-se dos erros do passado estão condenados a repeti-los». António Costa e a plêiade de comentadores que festejaram a sua (im)provável vitória, irritaram-se e mudaram de agulha na linha do comboio que preparam para a vitória de 4 de Outubro.

O que contrasta com as acusações que fizeram a Passos por ter citado meia dúzia de vezes o nome de Sócrates. Onde está a coerência dessa gente que acusa o líder da Coligação de chamar a troika e não pode citar quem deixou de ter dinheiro para pagar salários ao funcionalismo público?                                          

Passos deveria ter insistido com Costa por ter sido dos primeiros políticos portugueses, ao lado de Catarina Martins, batendo palmas à vitória de Syriza. Não o terá feito por cortesia. Do mesmo modo não respondeu a Costa quando este citou o caso do BES. Quem terá mais culpas na falência do BES? E porque não se aprofundou este tema que é dos mais delicados da actualidade? Conviria saber que Fundações, que políticos e que partidos foram gratificados por Ricardo Salgado...

Armando Palavras, escreveu no seu blogue Tempo Caminhado, aquilo que para os apoiantes de Passos, deixou tudo sarapantado: «O debate só não foi esclarecedor para quem não quis. Para os comentadores do costume não foi. Até porque os comentários não passaram da ficção do costume...Determinado comentador conhecido dá a sua opinião. Diz quem ganhou (dá o mote), não diz mais nada e a seguir, em online, uns milhares votam!». Eu explico: o ressabiado Marcelo, usou a sua ferramenta mortífera e, mal acabado o debate, derrotou Passos Coelho. Essa votação endemoninhada, fermentou uma derrota que a sondagem do dia tinha anunciado para as tropas da Coligação. Logo os três comentadores da SIC, mais o quarteto da Quadratura do Circulo, com o putativo ministro da cultura de António Costa, sempre em contra-mão (Pacheco Pereira), pelas mesmas razões, celebrou a vitória do PS com Jorge Coelho que afirmou ser esse o ponto de partida para a vitória estrondosa de 4 de Outubro. Ou seja: Passos não apoia Marcelo, logo apanha com o rolo da massa; a Manelinha não gosta de Passos, logo faz ronha e Costa transforma um diabo em anjo da guarda e assim por diante. Tem propalado aos quatro ventos o ditado: «Palavra dada palavra honrada». Porque é que ele a desonrou quando abandonou a Câmara de Lisboa para triturar José António Seguro? Em Maio de 2002, quando era líder Parlamentar, proferiu contra Manuela Ferreira Leite os mais denegridoras palavrões. O JN de 20 de Agosto último, transcreveu pela mão de Nuno Melo, os mais rasgados elogios contra essa pretensiosa anciã. Tudo isto contrasta com a incoerência daquele que poderá ser o próximo 1º ministro.

Que ganhe o melhor para bem de Portugal! Mas que esta açorda de marisco está contaminada ninguém pode negar..."

 

12.09.15

Carlos Alexandre ex-camarada de Sócrates e de Soares

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Por: Barroso da Fonte:

"É sábado e acabo de ler as revistas da semana: VISÃO e Nova Gente. Ambas falam do super-juiz Carlos Alexandre que há 20 anos foi colega de curso de António Costa, na Universidade Nova de Lisboa. Ambos tiveram por camarada Eduardo Cabrita, actual Secretário de Estado Adjunto e da Administração Local. Nova Gente escreve na p. 86 que «tal como mostram os documentos oficiais da Câmara de Mação, em 1982 fez parte da lista do PS para as eleições da Assembleia municipal da vila onde nasceu há 53 anos». Essa vila do distrito de Santarém tem cerca de 800 habitantes e, ainda no penúltimo Domingo lá foi, integrando-se discretamente numa procissão que a «Sábado» edita na página 4. Nesta publicação se pronunciam velhos amigos e companheiros de Escola dizendo que Carlos Alexandre era muito estudioso, muito humilde, reservado, corajoso e capaz de dar o corpo às balas». Jaime Conde, técnico de farmácia, seu colega de escola, brincou com ele ao pião e ao berlinde e afirma que «nem pensem sequer corrompe-lo: ele espuma. Será um castigo para quem tentar». Eugénia Agudo, sua colega da Telescola afirma que andou sempre em despique com ele. Era muito bom a História, Português e Línguas. Quando tirava melhores notas do que ele, ficava moído. A meio do texto vem várias caixas que rezam: «Era admirador de Mário Soares até este o ter atacado por «conselheiro de Estado Lopes Serra»; e «tem segurança pessoal mas recusa-a em assuntos de natureza particular»; «José Sócrates terá sido uma das personalidades mais complexas com quem teve de lidar»; «Fui eu (Octávio Mendes) que tratei dos funerais dos pais e da sogra, de quem ele gostava como uma segunda mãe. Também já fui levar-lhe móveis a Lisboa. Carlos deposita confiança nas pessoas, não as desilude. Tem palavra. Os pais já eram assim. Ele é um maçanico verdadeiro e muito bairrista. Podem tentar fazer-lhe de tudo, mas a terra guarda-o sempre».

Seis itens menciona a revista da biografia deste mediático: « filho de um carteiro e de uma tecelã; foi servente de pedreiro, vigia de floresta e ajudou o pai a entregar o correio; em criança já queria ser juiz e inspector policial; o seu salário mensal é de 4 mil euros. Teve ou ainda tem entre mãos os seguintes processos: Furacão, Portucale, Monte Branco, Operação Marquês, Operação Labirinto, Caso Álvaro Sobrinho, Face oculta, Apito dourado, BPN, Caso Swaps, caso Universidade Independente, caso CTT, contrapartidas submarinos e caso Duarte Lima».

Praticando a pedagogia que manda dar «à justiça o que é da justiça e à política o que é da política».

Até há poucos anos este chavão era o reverso: falava-se mas não se cumpria. O momento qual impõe que este princípio democrático pegue nos maus exemplos do passado e com eles faça cumprir o futuro.

Trago esta nota de leitura à reflexão com os meus leitores para que fiquem informados do carácter deste alto magistrado. Anda por aí muito syriza a chamar nomes feios a Carlos Alexandre. Por esta amostra se fica a saber que é um cidadão de esquerda, com um perfil biográfico intocável. Pelo facto de aplicar as leis com rigor e objectividade não se pense que é um homem de direita ou com ela comprometido.

                                                           $$$$

Na mesma revista (VISÃO), p. 24 aparece outro político Transmontano, com foto a cores e título: «Candidato «passa fome», em casa». Chama-se Eurico Figueiredo, é docente universitário de psiquiatria, filho do também médico Vila-realense, Otílio de Figueiredo e foi deputado pelo PS, pelo círculo do Porto. Aí se diz que «é cabeça de lista do Partido da Terra, pelo mesmo círculo e que fará uma greve de fome no resguardo do lar, em Nevogilde, verdejante subúrbio da Invicta. «Aos 76 anos não quer fazê-la na praça pública, mas convocou uma conferência de imprensa para a anunciar. Em causa está uma dívida da Segurança Social, que lhe penhorou a reforma, há três anos. E que, depois de se verificar a ilegitimidade dessa penhora, ainda não lhe restituiu três mil euros». A terminar relata a revista que «o histórico socialista António Campos levou a causa a peito e comentou no Facebook: «Ó Eurico, isto não é um Estado de Direito é um estado de ladrões e maus comerciantes... Ajuda a corrê-los».

Talvez ficasse bem a este político que já foi governante, mencionar esse estado de «ladrões e maus comerciantes» para que ele, eu e outros possamos aceitar o repto. Pela parte que me toca devolvo-lhe a calúnia. Como Transmontano, coetâneo e Amigo que fui do Pai e do Doutor Eurico Figueiredo, solidarizo-me com o cidadão lesado e, se for aberta uma subscrição pública, para apoio ao ilustre psiquiatra, peço a António Campos que me avise, uma vez que serviu esse «estado» de maus comerciantes. Deve conhecer melhor do que eu e muitos, esse submundo".

 

12.09.15

Último Congresso de Medicina Popular teve nota máxima

aquimetem, Falar disto e daquilo

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Por: Barroso da Fonte:

"De 4 a 6 do corrente, decorreu em Vilar de Perdizes, do concelho de Montalegre, mais um Congresso de Medicina Popular. Deolinda Silva, presidente da Associação de Defesa do Património, faz um «balanço positivo». Ciente de que a «perfeição não existe», acredita que «é com os erros que se aprende e que, «para o ano, este evento vai ser ainda melhor». Ao longo de três dias, foram muitos os motivos para visitar um evento que caminha para três décadas de intensos debates em volta do misticismo e que continua a girar em torno da figura do padre Fontes. Na nota que a Câmara local distribuiu à imprensa, afirma que este XXIX congresso «teve contornos diferentes e coisas muito melhores, como foi o caso da caminhada nocturna e da exposição de plantas». Consciente de que «a perfeição não existe», afirmou que «houve coisas que poderiam ter sido evitadas» e que «os erros cometidos este ano não se vão repetir no próximo». Por sua vez, padre Fontes, mentor do Congresso de Medicina Popular, mostrou-se «satisfeito» e referiu que «os oradores foram de muita qualidade. Houve muita participação e animação variada». Significa que o resumo do que fica dito é o parecer oficioso da autarquia Barrosã que tardiamente aceitou como bom, este evento cultural, dando-lhe cobertura e fazendo dele o epicentro da cultura municipal. Para tanto teve a visão salvífica de municipalizar, à mesa do orçamento, durante vários anos, o pai desse Congresso, na condição de secretario-geral da cultura. Boa aposta porque, nunca ele aceitou entregar ao município a organização do evento que revolucionou a região. O signatário deste aditamento esteve presente,como moderador numa sessão de altíssimo interesse para o numeroso auditório. Posso reafirmar que em matéria de organização foi, de facto, das melhores nos 29 eventos que ali decorreram, entre 1983 e 2015. E em que melhorou o congresso? Na selecção dos temas, na escolha dos palestrantes, na ausência de figuras menos credíveis, na separação dos produtos naturais, com as tendas bizarras que sempre deixavam desconfiados os observadores e até na moderação dos painéis que, algumas vezes, permitiam escaramuças verbais, mal se sabendo onde começa a verdade e onde acaba a charlatanice.

Já em 2014 o Padre Fontes, fundador e alma viva deste evento que pôs Montalegre no mapa, a organização fora confiada à Associação para defesa do Património de Vilar de Perdizes à qual preside a escritora Deolinda Silva. Também o padre Fontes que foi substituído na Paróquia pelo Padre (e capitão capelão militar) Toquim foi convidado pelo antecessor, para reforçar a Organização do Congresso. Tais ajudas, sempre vigiadas pelo clérigo mais famoso do norte de Portugal já deram efeito. E também a Câmara reforçou os contributos para que, em 2016, na altura em que completa 30 edições, todos os Barrosões colaborem no sentido de reavivar uma iniciativa que deu brado e que se ressentiu das «Sextas-Feiras, 13», de cada mês, em que estes dias coincidam. Recorde-se que este congresso nasceu na sequência do livro Usos e Costumes de Barroso, da nossa autoria, em parceria com Lourenço Fontes e Alberto Machado (Gutemberg 1972). Onze anos depois, o reitor de Vilar de Perdizes, contra a vontade do Bispo da Diocese, D. Joaquim Gonçalves, deu início a uma romaria de práticas, rezas e benzeduras, a raiar os domínios do sagrado e do profano. Contra ventos e marés o «S. Bartolomeu dos Mártires» dos nossos dias, com 75 anos de vida, com doenças próprias da sua idade e já sem funções paroquiais, continua a liderar o Congresso mais exótico do país.

Na Igreja Paroquial de Vilar de Perdizes, integrada no programa popular e celebrada em memória do paroquiano João Sanches e outros congressistas falecidos decorreu uma Missa dominical. Lourenço Fontes, concelebrante com o actual pároco, declarou que a partir da 30ª edição será o Padre António Joaquim Dias, mais conhecido por Tóquim, a liderar a Organização, juntamente com a A Associação de Defesa do Património de Vilar   de Perdizes. Aguardava-se, com ansiedade, esta predisposição do mediático Padre Fontes, porque não basta ter nobres ideias e realizações modelares. É também muito importante, ler na cartilha dos cartomantes, exorcistas e curandeiros, o ciclo das estações e das mudanças de calendário. O seringador foi muito útil aos lavradores da região e, ainda hoje, tem vantagens sobre o Boletim meteorológico".

08.09.15

Os criativos nascem, não se fazem em Bisalhães, Vilar de Nantes ou...

aquimetem, Falar disto e daquilo

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Por: Barroso da Fonte

"Bordalo Pinheiro caricaturou, durante muitos anos da sua vida, algumas figuras humanas. Depois dele, tivemos cartoonistas que antes e depois da geração dos cravos, muitos figurantes da cena política, foram zurzidos de todas as formas e feitios por seguidores dessa arte caricatural.

Quando se pretende galhofar com este ou aquele, por isto ou por aquilo, por gestos, formas ou simples palavrões, um ou outro bípede da sociedade a que pertencemos, aparece com o nariz distorcido, com bigodes encaracolados, com um ou outro apêndice que altera a fisionomia

do ridicularizado. Nuns casos para humilhar, noutros para engrandecer. Há gostos para tudo.

O engenho e a arte podem fazer do granito um «santo» de altar, como escreveu o Padre António Vieira; como podem transformar um herói num pobre diabo. As cerâmicas das Caldas, de Vilar de Nantes, de Bisalhães e outras, já deram barro para muitas distorções e inspiração para rotular de burros, alguns génios e também para «fabricarem» génios de verdadeiros asnos.

A crise económica que invadiu a Europa e que atingiu países débeis como a Grécia e Portugal, tem raízes extensas que chispam com inversão dos valores supremos, como a ética, a cidadania e a cultura propriamente dita. Um exemplo fresco e suficientemente claro:

Faleceu dia 21 de Setembro de 2013, no Porto, o Doutor António José de Brito. Tinha 86 anos e foi docente na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde nasceu e viveu. Autor de uma vasta e qualificada obra na área da Filosofia, tinha a coragem de se considerar um «fascista totalitário à direita de Salazar». Foi discípulo de Alfredo Pimenta (1882-1950), cujo percurso doutrinário eu próprio condensei no trabalho académico: «Alfredo Pimenta: da práxis libertária à doutrinação nacionalista (2005)». Não conheci pessoalmente este talentoso pensador das últimas décadas. Mas dele recebi uma gratificante carta de elogio à dissertação que durante os cinco anos curriculares obrigatórios preparei na UM (que por razões de saúde não defendi mas que editei e se encontra nas bibliotecas do depósito legal). Teve uma edição de 500 exemplares que logo esgotou e uma 2ª que veio a público em Maio deste ano.

Desço a este pormenor para lamentar que os órgãos de informação, desde a RTP à Lusa, desde a imprensa Regional às revistas da especialidade, ostensivamente tenham silenciado este pensador dos mais esclarecidos da sua geração, apenas pelo facto de ser um intelectual da extrema direita. Tive o cuidado de ler o Expresso e afins. Fiquei decepcionado. Na sua edição de 27/9 no rubrica obituário, apareceram lá 7 linhas de uma única coluna. Mexi e remexi. Nada mais. Reparei contudo no caderno ACTUAL nº 2135 dessa mesma data. E que vi lá? Uma foto do poeta Ramos Rosa que mereceu essa capa e mais 4 páginas inteiras, assinadas por Valdemar Cruz, mais uma espécie de editorial com a assinatura de Hugo Pinto Santos. Como «os burros se coçam uns aos outros», mais estupefacto fiquei quando reparo que as páginas 8, 9 e 10, desse mesmo caderno, subscritas por Clara Ferreira Alves. Foram dedicadas, ao «Gnomo na Jardim » vendo-se o pivô da televisão publica, José Rodrigues dos Santos, comodamente assentado e mediaticamente exposto, com a astuta CFA a escrever: «José Rodrigues dos Santos acha-se injustiçado por «um grupo de intelectuais que acham que a escrita experimental é a única literatura possível e autorizada e que tudo o resto vai para o índex da Inquisição literária». Acha-se injustiçado por dizerem que a televisão o tornou conhecido. Acha-se injustiçado por lhe chamarem o nosso DAN Brown». Uma verdade do tamanho dos ecrãs que «fabricaram» esta roleta de semear relva nos campos de futebol.

O poder político que temos tido, desde o 25 de Abril, tem culpas no cartório. Todos. Cada um procura despachar, favoravelmente, a criação de universidades, de institutos públicos e privados, escolas superiores, fundações...Rara é a cidade que não tem um pólo, uma extensão, um pátio, uma escola primária desactivada, a servir de palco a aulas de ensino superior, com docentes, cuja formação assenta em critérios políticos que não académicos. Qualquer ex-governante mesmo que não tenha feito obra, é convidado para docente. Esse tipo de regentes do ensino superior continua a povoar lugares no ensino (público e privado), sabendo-se que há hoje milhares de doutores e de mestres que nem sequer têm lugar no ensino secundário.

A par desta praga chegou o «assalto» às administrações dos principais órgãos de informação. Os regionais vão caindo como moscas. Os nacionais arribam aos grupos consertados com o poder judicial, empresarial e político. A liberdade de imprensa acaba onde começa o lucro e o interesse do chefe dessa banca de interesses conjugados. Em três décadas extinguiram-se centenas de jornais regionais que eram a voz da consciência cívica. Restam os canais televisivos e radiofónicos (públicos) que parasitam dos contribuintes e das publicitárias, pertencendo a esses canais de informação a tarefa de promover ou destituir políticos, técnicos e vozes lúcidas, em proveito da máfia que gravita em torno das contestações e da guarida que recebem em cada sino que toca. E que dizer do Plano Nacional de Leitura? Quem lidera essa máfia, quem decide, quem formula os critérios, quem elege os felizardos e que informação transpira para a opinião pública?"

02.09.15

Fusão dos jornais locais: estaria de acordo se...

aquimetem, Falar disto e daquilo

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De Barroso da Fonte:

"Bento Monteiro pseudónimo que não consigo identificar, mas que vem clarificando muita coisa errada que por cá se passa e se exerce, descaradamente, sem que haja consequências para os seus autores, escreveu no quinzenário Notícias de Barroso de 17 de Agosto, mais de meia página, com verdades como punhos. Os pecadilhos que aborda já vêm de longe e resumem-se a fundamentalismos bacocos que seria fácil ultrapassar se não vingasse o ditado popular: «quem está com o poder come, quem não está nem come nem cheira». Esta prática já vem do Estado Novo. Mas extremou-se com os excessos democráticos ao longo dos quarenta anos de regime que levamos, cada vez mais corrompido e generalizado.

Na minha longa carreira de jornalista (a caminho de 63 anos) de militância ativa, combati muito atrevimento, incomodei muito político (antes e depois da revolução de Abril), denunciei muita pulhice. Já fiz alguns desses registos no livro 60 anos de jornalismo de causas e casos (2013). Mas nunca é excessivo repisar. Porque uma das maiores virtudes deveria ser a equidade social. E cada vez ela ganha mais terreno.

Algumas dessas arbitrariedades políticas tiveram consequências imediatas. Cito a denúncia que fiz no Jornal Notícias de Chaves, de 9 de Maio de 1970, quando assinei o artigo: «Procuram-se 100 contos». A República transcreveu esse artigo que acusava a Câmara de Chaves de pagar 170 contos por um carro do lixo, quando esse carro, fora reconstruido há sete anos. E não valeria, agora, mais de 70. O carro recolheu ao armazém, o negócio foi desfeito e a Câmara recuperou os 100 contos. Estávamos no auge do chamado «fascismo».

Um segundo caso passou-se com a Universidade do Minho. Foi criada por Veiga Simão, em 1973. O ministério encomendou o projeto da sua localização à Profabril que apontou o Campus universitário das Taipas, no concelho de Guimarães. Distava a 17 km da cidade de Braga. Na altura Braga era o dormitório de Guimarães e usufruía da influência dos seus gestores políticos. A verdade é que quando tudo estava a postos para iniciar as obras, de acordo com o parecer técnico, eis que as obras começam com o restauro de um velho edifício no Largo do Paço, na Rua do Souto, em Braga. Acabara eu de chegar a Guimarães, já na altura como correspondente do JN, funções que ai prossegui até 1982. Passei a escrever semanalmente no Notícias de Guimarães «os temas ao acaso». Nesses e noutros jornais fui aflorando «o assalto» que as politiquices fizeram à cidade, onde vivo e da qual vim a ser Vereador, a tempo inteiro e deputado Municipal. Durante doze anos, quer na CM quer na AM, sempre lutei contra esse tipo de arbitrariedades. A UM moveu-me um processo judicial que levou 6 anos a organizar. Quando já tinha julgamento marcado, tive conhecimento de que o Presidente da Comissão Instaladora da UM, tinha (ele) 2 processos, no TIC de Braga, tão melindrosos que se encontravam em segredo de Justiça. Nessa altura e, por esse motivo, o meu julgamento foi adiado sine die, isto é, até que fossem julgados aqueles dois. Como nunca foram julgados, aquele que era contra mim foi arquivado e o julgamento nunca se fez. Tive pena porque muitos catedráticos que vieram a ser, nunca lá teriam chegado. O tal arguido que me mandou processar, foi transferido para o Algarve. E lá morreu.

Já na Câmara de Guimarães e como responsável dos Serviços Administrativos e do pessoal descobri uma fraude que durava desde 1974 e que já tinha custado 25 mil contos, atribuídos a 2 guardas campestres, fictícios, que eram promovidos, tinham férias, assistência médica etc. Descobriu a fraude em 1986. Três anos depois, dois guardas florestais que haviam sido aliciados, foram condenados a 18meses de cadeia, com pena suspensa. Com denunciante e representando da Câmara lesada, fui ouvido em julgamento. Nesse local, onde nunca havia estado e nunca mais estive, pude depor: Senhores Juízes: estes guardas florestais não têm culpa dos milhares de contos deitados fora. Eu gostava de ver aqui, nos seus lugares, os responsáveis que, como chefes e decisores políticos, criaram e mantiveram tal situação durante 13 anos.

Um desses autarcas ainda recentemente recebeu uma comenda das mãos do Presidente da República.

Se tiver saúde e vida escreverei tudo isto, em próximos tempos, para memória futura.

Retomo as afirmações de Bento Monteiro exaradas na página 5 da última edição de Notícias de Barroso.

Tenho moral para o afirmar publicamente, mesmo que continue a figurar na lista negra pela qual passei muitos anos. De resto não me dei bem com o exercício partidário. E, em 2011, desfiliei-me por razões culturais, do partido pelo qual fui eleito. Entre 1984 e 2009 assisti a muita injustiça, muita subjetividade e muita hipocrisia. Nunca esse partido tinha ganho ou voltou a ganhar as eleições em Guimarães.

A experiência que fiz nessa câmara, com 11 vereadores, com 14 milhões de contos de orçamento anual e com uma oposição verrinosa que apenas moderou os ímpetos quando lhe foram distribuídos pelouros, fez-me ver que a política usa truques que serve muitos, mas desagrada a muitos mais. Percebendo que a impunidade democrática, em política de nível rastejante, vale mais do que todas as boas intenções, decidi produzir despachos que vigoraram quatro anos. Dois deles tiveram a ver com o apoio a autores e artistas e também com os critérios de distribuição de publicidade a jornais, a associações concelhias e a obras de raiz. Ninguém contestou. Se fossem aplicadas pela Câmara de Montalegre, Bento Monteiro, não teria razões para escrever o justo reparo que fez e que tem a máxima oportunidade. Nesse artigo, transcreve Bento Monteiro uma afirmação de Orlando Alves na última AM: «não espero nada da imprensa local, uma vez que os 3 são todos demasiadamente politizados. Deveriam fundir-se num só, onde todas as forças tivessem a oportunidade de se expressar». O Presidente da Câmara reconheceu que os três jornais do concelho de Montalegre são todos iguais, dando voz à opinião partidária que cada um proclama. O que não disse é que dois são pagos por aqueles que os escrevem, os pagam e têm que os fazer chegar aos seus leitores. Mas só um e, por sinal, o mais politizado e o pior dos três, recebe toda a publicidade institucional da Câmara, subsídios em horas de crise e colaboração técnica de funcionários municipais. É essa a réplica de Bento Monteiro, o que corresponde àquilo que sempre se passou com esse órgão oficioso do partido que gere a Câmara desde que Carvalho de Moura perdeu a presidência. «O que nos deve preocupar a todos – afirma Bento Monteiro – é a forma como os dinheiros públicos são aplicados e que muitas vezes favorecem «apenas os nossos».

Como autarca com essa responsabilidade, deparei-me, em 1986, com o mesmo tipo de tratamento na Câmara de Guimarães, (urbana de 1ª classe e com dimensão 15 vezes maior). Em 21 de Abril de 1986 redigi e ordenei a aplicação imediata: «no fim de cada ano todos os cinco jornais do concelho terão que beneficiar de montantes aproximados de publicidade distribuída pela Câmara». Durante 4 anos, essa matéria foi cumprida rigorosamente e não houve quaisquer reclamações. Foi a igualdade de tratamento que falou mais alto, fossem de direita, de esquerda ou de centro. Proceda Montalegre (e todas as autarquias e governo) do mesmo modo e acabará com essa falsa maneira de aplicar a democracia a todos os cidadãos, sejam de esquerda, de centro ou de direita. Em política séria não vale tudo".

 

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