Cabecinho de Nisa
No domingo passado, dia 27, fui almoçar a Nisa, e assim satisfazer um convite para esse efeito que nas vésperas me foi proposto. Tinha saído de Lisboa na sexta-feira para passar por inteiro esse fim de semana na capital do barro leiriense, mas nestas coisas, como em todas, o homem põe e Deus dispõe. De forma que no domingo, uma vez comprometido com a palavra sim, após a missa das 09h, lá arranquei estrada fora com destino à terra que diz Leite de Vasconcelos tomou nome de mulher que em tempos idos se notabilizou.
Vila Velha do Ródão. - Às 10h30 deixei a terra do beirão Padre Jerónimo para directo a Pombal entrar na IC8 que por Ansião e Pedrógão Grande deixei em Proença a Nova, de modo a encontrar depois a IP2 e logo a seguir a EN 241 que por Vila Velha do Ródão conduz a Nisa.
Portas do Ródão, espectacular geositio visto da ponte sobre o Rio Tejo que separa aqui os distritos de Castelo Brando e Portalegre por Vila Velha do Ródão e Nisa, respectivamente. Ainda conheci este sedutor local antes da construção da barragem do Fratel que lhe veio roubar encanto e às águas qualidade.
Com a freguesia e paroquia de Nossa Senhora da Graça por padroeira, a vila de Nisa é sede de um concelho constituído por 10 freguesias, a saber: Alpalhão, Amieira do Tejo, Arês, Espírito Santo, Montalvão, Nossa Senhora da Graça, Santana, São Matias, São Simão e Tolosa . Vila muito airosa e bem enquadrada na paisagem que envolve esta região fronteiriça do Alto Tejo, lá fui nesse dia poisar no nº 14 da Estrada das Amoreiras e na Flor do Alentejo almoçar à boa maneira alentejana.
Uma vez ali, a visita ao cabecinho de Nisa-a-Velha não podia escapar-se. E assim aconteceu. Afastado do centro da vila cerca de 4km para lá embiquei de modo a poder observar in loco um santuário de devoção mariana similar ao que na freguesia de Vilar de Ferreiros (M. de Basto) se venera no alto do Monte Farinha: Nossa Senhora da Graça. Creio que a primeira vez que dei realce há existência deste culto Graciano em Nisa foi em Junho de 2006, quando iniciei um arrolamento à volta de todas as freguesias de Portugal que têm por Padroeira Nossa Senhora da Graça, e que se bem contei no total (com Açores e Madeira) são 82.
Nesse lugar que dizem teve origem a formação da Nisa que hoje conhecemos, ficou espaço livre para erguer no topo um santuário mariano a Nossa Senhora da Graça, e assim colocar o local sob protecção de Nossa Senhora a perpetuar no tempo o passado histórico da terra e da sua gente.
Falando da ermida, dizem ser do séc. XVI, mas muito modificada, tudo parecendo indicar ter sido edificada sobre outra mais antiga, talvez do séc. XIV ou XV. O facto de ter/ou ter tido ermitão já por si atesta-lhe muita importância e antiguidade. E os aposentos, agora vazios, ao fundo do escadeiro são bem demonstrativos da recompensa atribuída ao cargo.
O acesso ao templo faz-se por uma pequena escadaria directa à entrada do templo ou por ladeira muito suave e ampla que desemboca no adro.
Se necessário quem quiser pode subir de carro até ao cimo do cabeço, mas a visita a pé dá outro prazer e sabor de romaria.
Pena tive foi encontrar um local com tando valor histórico e religioso na região, mas sobretudo na vila de Nisa, completamente deserto e com as portas fechadas mesmo aquela hora de domingo. Pesar ainda maior por ter deixado de ver in loco a imagem de Nossa Senhora da Graça que dizem ser do séc. XV, e que repintada recentemente ocupa no Altar-Mor o lugar de padroeira.
Curioso foi ir encontrar ali uma velinha acesa que, dentro de um garrafão de plastico para a proteger do vento, algum devoto de Nossa Senhora da Graça ali tinha ido há pouco colocar sob um azulejo com a imagem da Padroeira embutido no lado norte da ermida.
Topo da escadaria.
Sedutor panorama recolhido do adro
Topo do acesso ao adro pela ladeira.
Video que dá aqui do actual cabecinho de Nisa uma melhor ideia.