À volta de Sá de Miranda
Tenho uma certa admiração por Francisco H. Raposo, o autor dum trabalho monográfico que, patrocinado pela Mobil, publicou na década de 80 à volta dos caminhos (estradas) de Portugal. Trata-se dum trabalho muito bem concebido que pelas imagens e suave descrição histórica do seu todo nos leva a conhecer melhor as nossas terras e gentes.
É pena que nestes trabalhos nem sempre o rigor histórico se faça notar, por forma a merecerem a credibilidade e a confiança daqueles estudiosos que procuram a verdade contida nos factos em relato. Como verifiquei agora ao consultar mais uma vez a brochura correspondente à província do MINHO, de Dezembro de 1986, que da vila de Amares diz textualmente: "Já em Amares (sem nada que se lhe assinale de mérito) podemos ir espreitar (2km) a famosa medieva Ponte do Porto sobre um lindo trecho do Cávado e que assinala o termo do concelho. (........) Pela mesma estrada um pouco mais à frente está o desvio ( à direita) para Caldelas. Mas continuemos em frente para ir espreitar na igreja de Carrazedo o modesto túmulo de Sá de Miranda que ali nasceu".
Ora aqui temos nós uma chamada de atenção a fazer: Francisco Sá de Miranda de facto viveu na Quinta da Tapada e ali faleceu em 1558, mas segundo os seus biógrafos nasceu em Coimbra cerca de 1490. Portanto Sá de Miranda não é conterrâneo de Gualdim Pais, o famoso mestre da Ordem dos Templários, mas apenas um filho adoptivo de Amares, uma terra onde sempre gostei de parar quando em tempos ia a Rendufe de visita ao meu saudoso amigo Padre Mário César Marques.