Padre Minhava
Fez há pouco mais de 2 horas, 88 anos que nasceu, no lugar da Misericórdia, freguesia de Ermelo, o mais notável mondinense de sempre e que Vila Real acolhe como dilecto filho adoptivo, desde 1931: Monsenhor Ângelo do Carmo Minhava .
Ordenado sacerdote, a 19 de Dezembro de 1942, tinha à data 23 anos, o então Padre Minhava, cujos dotes artísticos e culturais se tinham já revelado fora do comum, foi convidado, pelo saudoso bispo D. António Valente da Fonseca, para leccionar no Seminário: Latim, Literatura, Francês e Música.
Poliglota de renome, os seus artigos de Critica Literária e Musical, em revistas e jornais, são numerosos; o mesmo acontecendo em relação a trabalhos sobre Linguística e Filologia.
Como musicólogo, dirigiu o Orfeão do Seminário, do Liceu, da Escola Técnica, da Cidade de Vila Real e do Instituto Politécnico. Musicou letras de muitos poetas e poetisas de todo o País, incluindo Madeira e Açores.
Na condição de autodidacta, dedicou-se ao estudo da Língua Alemã e Russa, tendo chegado a traduzir algumas obras.
Como escritor, merece realce: em poesia, a " Cabrilada ", poema herói-cómico-lírico , muito louvado por Teixeira de Pascoais; em teatro: a " Bengala Milagreira" , "A Feira dos Pucarinhos" e "Recitativos" (alguns em francês e e em castelhano); na Linguística: " Venha comigo à Lua" e "Aleo Aleo - quem adivinha?" ; na Cultura Religiosa e Histórica, destaque para "Veja se Sabe" ( diálogos com um estudante, sobre Cristianismo e Materialismo) e "Pequena Monografia (ilustrada) da Cidade de Vila Real", e além de outras mais, muitos artigos dispersos. Autor da Música de várias Marchas, realço: a de Vila Real, a de Mondim de Basto, Mesão Frio, Cerva e Santa Marta de Penaguião.
Conheci o Padre Minhava em 1951, num dia em que ele apressadamente circulava pela Rua Isabel de Carvalho e eu que já o sabia natural de Ermelo e familiar duma senhora que de vez em quando ia a Vilar de Fereiros tocar o harmónio da igreja, fiquei pasmado a vê-lo passar! Ao tempo também um seu tio e padrinho com o mesmo titulo honorífico que só muito mais tarde, o nosso aniversariante de hoje viria a receber, gozava de renome na cidade :era o velho Monsenhor Minhava. Deste, me contou, certo dia, o saudoso padre Manuel António Morias Miranda, que foi seu condíciplo em Braga, o seguinte episódio cómico: "O meu colega Minhava tem um sobrinho com o mesmo nome dele, e ao que se consta é um mestre em Música, coisa para que o tio nunca teve jeito nenhum. Aqui há pouco tempo, um colega que estudou connosco, mas que ficou na diocese de Braga por a ela pertencer, ao ver um padre Ângelo Minhava publicitado na Imprensa como grande musicólogo, não se conteve e vai de felicitar o nosso comum amigo, monsenhor Minhava, tanto mais que nunca lhe tinha notados essas excelentes qualidades. Sem se desmanchar, depois de ler a carta, o Padre Minhava, quando assim o entendeu, chegou-se com a ela ao pé do sobrinho, e disse: guarda e lê que é para ti ".
Como não posso dar um abraço físico de parabéns a tão ilustre aniversariante, deixo-lhe aqui este arrazoado, aliado ao evento, como preito de admiração, respeito e amizade. Por muitos anos mais, Monsenhor Ângelo do Carmo Minhava ! Sr. Padre Minhava, como gosta, de ser tratado.