Dia dos Fieis Defuntos
Ontem “Dia de todos os Santos” foi-me impossível fazer a tradicional visita anual que no inicio de Novembro se faz aos cemitérios em homenagem aqueles que já partiram e nos deixaram saudades.Para me penitenciar e cumprir o meu dever de baptizado fui participar na Eucaristia que na igreja de São Lourenço de Carnide o pároco, Sr. padre José António, celebrou às 15:00h.
Como noutro local relatei ontem, tive visitas em casa que me vieram “pedir” o “pão-por-Deus” ou “bolinho”, tradição muito propagada que teve origem em Lisboa, um ano após o terramoto de 1755. A ideia pegou e espalhou-se por outras regiões por vezes com outra designação como a de “Dia dos Bolinhos”. Em Lisboa, li, "As pessoas, percorriam a cidade, batiam às portas e pediam que lhes fosse dada qualquer esmola, mesmo que fosse pão, dado grassar a fome pela cidade. E as pessoas pediam: "Pão por Deus”. O termo “dia do bolinho”, na zona de Lisboa não era usado.
Mas é do Dia dos Fieis Defuntos ou Dia de Finados(2 de Novembro) que quero lembrar hoje, uma celebração da Igreja Católica que remonta ao séc. II, pois é sabido que já nessa altura muitos cristãos rezavam pelos seus entes queridos, visitando as tumbas dos mártires para rezar pelos que morreram. Mas já no séc. V, a Igreja dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém se lembrava. Do mesmo modo, o abade de Cluny, Santo Odilon, em 998 pedia aos monges que orassem pelos mortos. Mas de forma mais visível temos desde o séc. XI os Papas Silvestre (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015) a obrigarem a comunidade de fieis a dedicarem um dia aos mortos. No século XIII esse dia passa a ser comemorado em 2 de Novembro, uma vez que o dia 1 de Novembro é a Festa de Todos os Santos. Para cumprir esta nobre tradição lá fui hoje no fim de Missa, mais um conterrâneo meu até ao cemitério de Benfica visitar a campa onde repousam os restos mortais do saudoso Dr. Primo Casal Pelayo, e pelo seu eterno descanso rezar um Pai Nosso muito sentido.
E dali vim a matutar: que raio de governo este, em quem votei, lhe dar para extinguir, sem respeito pelos Santos, uma Festa destas?! Respeitem as tradições para também serem respeitados, porque senão corremos o risco de todos nos tornarmos profissionais no recorrer diário ao Dia dos Bolinhos ou Pão por Deus.