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Portugal, minha terra.

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Portugal, minha terra.

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31.12.16

Boas entradas no 2017.

aquimetem, Falar disto e daquilo

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Como de costume quando na capital do barro leiriense tenho por hábito visitar o patrão da terra em primeiro de tudo, mas hoje não foi assim. Com receio de se esgotar a cozedura do pão, passei primeiro pelo Olival da Paróquia, onde parei uns segundos a ver a tradicional equipa bajouquense dos Amigos do Verbo Divino atarefada com mais uma fornada destinada à angariação de fundos para o benjamim convento das Clarissas de Timor, que as Irmãs Clarissas de Monte Real fizeram germinar.

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 Dá gosto ver esta laboriosa equipa com a Fernanda Capitão na vanguarda, a trabalhar afincada e generosamente por esta e outras causas nobres da, e para além, Bajouca. Chama-se a isto passar e festejar verdadeiramente um fim de ano cristão: servir com ternura e carinho tudo quanto seja ajudar os mais carenciados a terem uma vida melhor. Para esta gente laboriosa os votos de boas entradas no 2017.

 

23.12.16

Uma história «linda de morrer...»

aquimetem, Falar disto e daquilo

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 De Barroso da Fonte:

O país deveria parar para refletir se vale a pena manter a sociedade que temos, o estado a que chegámos e a que planeta teremos de bater para entregar os corruptos e os corruptores, recebendo em troca, astronautas restaurados, mesmo que sejam feios e reconstruidos.
Deveria ser este o tom da minha mensagem semanal. Mas, ocorre-me a quadra de Natal e do Ano Novo. Devo ter respeito pela tradição e pelos valores tradicionais. Com esses devemos preocupar-nos, dando-os a conhecer aos filhos, netos e bisnetos. Mas a tradição deve ter pausas, etapas, calendário, para sabermos, a partir de que data, a corrupção derrotou a tradição.
Adiando este tema para mais adiante, vou substituir uma crónica vadia por uma estória linda e verdadeira. Talvez possa ser contada como se fosse o Menino Jesus a entrar pela chaminé de todos os lares abençoados, deixando o livro da nossa primeira classe.
Em 4 de Outubro de 1952 entrei no Seminário de Vila Real, com a ideia de ser padre. Eu não gostava muito de estudar e pensei que se podia ser padre sem estudar latim, grego,inglês, francês, matemática, filosofia... Nunca saíra do meu horizonte visual. Mas guardar a vezeira, vacas, ir dormir ao moinho para não «abarbar», tirar esterco das cortes dos porcos, roçar matos, não era coisa que me agradasse. E lá fui para longe desse meu horizonte visual.
Em 8-X-1958 tive de comprar o manual de História de Portugal. O saudoso Padre Bernardino, recomendou-nos o livro da autoria de Fortunato de Almeida, que já ia na décima edição e que fora aprovado pelo Ministério da Educação em 1945.Tinha capa dura e continha 380 páginas. Custou 35$00. Como me habituei a escrever neles o meu nome, número de aluno e a data, entendi apor na 1ª página esta quadra: Barroso da Fonte é seu dono /Enquanto este existir/ Por isso se for perdido/Às suas mãos deve vir.
Em 30 de Junho de 1962 entendi deixar o seminário. Nesse dia à noite coincidiu ser no Teatro Avenida, a sessão da entrega dos Prémios dos primeiros Jogos Florais do Clube de Vila Real, aos quais eu concorrera com uma reportagem sobre uma «chega» de bois em Barroso. Já não me lembro hoje como tive a ideia de convidar quatro meus amigos para jantarem comigo e me acompanharem a essa sessão, na qual fui contemplado com o 1º prémio que consistiu em mil escudos em dinheiro real, além do diploma que conservo, bem como o opúsculo com os nomes do júri, dos premiados e o regulamento. Recordo esses meus colegas: o Padre Albano da Silva, de Murça (ainda vivo) e o saudoso padre Max (Maximino Barbosa de Sousa), o João Granja da Fonseca e o Vaz Gouveia. Cada um de nós seguiu o seu destino. Só o Padre Max já partiu.
Nos 54 anos houve no pais e no mundo muitas e profundas alterações. Não sei o que fiz aos livros, nem à batina que usei quatro anos. Gostava de a ter para me amortalhar quando chegar a minha hora. Mas sabem os meus leitores o que me aconteceu neste último mês de Novembro?
Recebi uma embalagem do meu ilustre Amigo, Nuno Canavez, natural de Mirandela, mas desde há muitos anos radicado no Porto, como livreiro e alfarrabista da Livraria Académica. Poucos serão os Transmontanos e Portuenses que não conheçam este vulto da cultura Portuguesa que, estou certo, a toponímia da Invicta, mais cedo ou mais tarde, há-de registar.
E que surpresa me chegou nessa embalagem do proprietário da livraria Académica do Porto?
Exatamente o compêndio de História, editado em 1945 e já em 10ª edição,do Prof. Fortunato de Almeida, que eu comprara por 35$00, em 8 de Outubro de 1958 e no qual manuscrevera a quadra acima referida.
Acompanhava esse surpreendente «achado» uma carinhosa carta de Nuno Canavez, a cumprir o pedido: « se for perdido/ às suas mãos deve voltar».
Como foi parar ao sítio certo, às mãos do HOMEM que é mestre na arte de apreciar os livros e afins, é mistério que eu próprio não sei explicar, nem Nuno Canavez me soube dizer. De imediato lhe telefonei a agradecer a oferta. E disse-me mais: desde há mais de vinte anos que não mexia na zona de livraria onde o volume se encontrava. Como veio aqui parar não sei. Sei que de um versejador que escreve e acautela os livros com este tipo de referências só poderia ser do meu Amigo. E por isso lho devolvi.
Outra curiosidade, quase mítica: desde Setembro preparo um livro, em coautoria com mais três investigadores sobre «A Saga da Santidade de D. Afonso Henriques». Este reencontro com o livro que me ensinou a História de Portugal, fez-me recordar aquilo que nele vem na página 41: «a batalha de Ourique (25/7/1139) dia em Afonso Henriques fazia 28 anos, refez o prestígio do nosso I Rei e dos seus cavaleiros». Na véspera dessa batalha, em que o nosso Primeiro Rei venceu os 5 reis mouros, apareceu-lhe Jesus Cristo, a garantir-lhe que sairia vencedor. Esse é um dos dez argumentos que o Teólogo José Pinto Pereira, desenvolveu no seu «Aparato Histórico» publicado em Roma, em 1728 e onde concluiu que Afonso Henriques «foi Pio, Beato e Santo».

 

21.12.16

Um Conto de Natal

aquimetem, Falar disto e daquilo

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Do livro "NEM SEMPRE OS PINHEIROS SÃO VERDES", transcrevo um conto de Natal da autoria do poeta e prosador João de Deus Rodrigues. Uma rica prenda de Natal  para ler nesta quadra:

(O Natal no Nordeste Transmontano e os rebuçados do céu…)
Na maioria das aldeias do Nordeste Transmontano, o mês de Dezembro era considerado um dos nove meses, ditos de Inverno. As noites eram monótonas, longas e frias, e os dias, rotineiros e gelados, com vento e com chuva.
As casas de habitação não tinham electricidade, nem água canalizada, nem qualquer tipo de aquecimento. Restava apenas a fogueira na cozinha, ao redor da qual as famílias passavam os serões à luz da candeia, a ouvirem o silvar do vento e a chuva e a neve a caírem nos telhados, enquanto os pais contavam “estórias” e lendas aos filhos, ou olhavam para os gatos, a ronronar a seus pés, quando não estavam nos palheiros a murar ratos, e as mães fiavam a lã e o linho ou faziam os meiotes e remendavam a roupa da família, habitualmente numerosa.
Outras vezes, rezavam todos junto à lareira por alma dos seus mortos, ou cantavam de alegria quando nascia mais uma criança que vinha aumentar o agregado familiar e a ser mais um lavrador ou pastor, ou uma esposa e dona de casa, dedicada.

Nas aldeias não havia rádios nem televisões, e quanto a livros só havia o Missal na igreja, e poucos mais. Mas também não eram necessários, a maioria das pessoas não conhecia uma letra do seu tamanho, como diziam com mágoa: “ eu nunca entrei numa escola e não conheço uma letra do meu tamanho!”.
Havia anos em que as pessoas passavam dias seguidos em casa, porque a bufarra (nevoeiro), o gelo e a chuva a isso as obrigava. Nessa altura, os rebanhos ficavam nas curriças, onde os pastores os iam alimentar com palha, e os lavradores ficavam em casa preocupados, a deitarem contas à vida: “com o tempo assim, vai ser outro ano de fome!”.
Também os nevões caíam com regularidade, e depois, a seguir a eles, o gelo e o cacimbo deixavam o carambelo pendente dos beirais dos telhados, onde os garotos o quebravam e comiam, como sendo o melhor “Gelado” do mundo, coisa que eles não conheciam…
Nas escolas não havia qualquer espécie de aquecimento e os alunos, muitos descalços e mal agasalhados, choravam com o frio e o professor mandava-os para casa para se aquecerem à lareira, se havia lenha para a acender.
À noite, das serras e dos montes desciam lobos esfomeados aos povoados, e nem cães nem gatos que vagueassem pelas ruas lhes escapavam. A fome é negra, comer era uma necessidade vital.
Contudo, no meio deste abandono e solidão o mês de Dezembro era o mês do ano mais esperado pelas populações das aldeias. Isto porque, para além de ser o mês do Natal e da matança do porco, também era quando chegavam os familiares ausentes, que vinham passar o Natal com a família e matar saudades da santa terrinha. Esses sentimentos que, desde a diáspora, sempre prenderam os transmontanos às origens...

Nesse ano, a Maria da Céu “andava de esperanças” (grávida) do terceiro filho. Filha de pais católicos e sobrinha de padre, em casa dos pais o Natal era passado em família e comemorado intensamente, sem, contudo, haver sapatinhos na chaminé. A lenda do pai natal, essa criação do “tio Sam”, ainda não era conhecida por aquelas bandas…
Porém, ao serão não faltavam cânticos ao Deus Menino, cantados com fervor e fé junto da lareira onde o fogo crepitava, e à mesa se sentavam pais, filhos e criados, sem distinção. Sendo que o rapaz mais novo, sentado à mesa, era o que dava graças a Deus (rezava) pela refeição servida, no início e no fim da ceia de Natal.

A Maria do Céu vinha dando à luz de três em três anos. A causa provável disso acontecer talvez fosse o facto de amamentar os filhos nos primeiros dois anos.
O primeiro filho nasceu no mês de Agosto e o segundo no mês de Julho. E este, o terceiro, esperava-o, segundo as suas contas, para finais de Dezembro. Por isso, pedia a Deus que nascesse na noite de Natal!
Que felicidade seria a minha, se depois da ceia fosse à Missa do Galo e quando chegasse a casa sentisse as águas e viesse a Dona Eugénia para o ajudar a nascer, são e escorreito, e depois de lhe dar banho mo pôr no colo para eu lhe dar de mamar…
Fazei isto, Senhor, se eu o merecer, rogava ela a Deus! E prometia-lhe: se for menina vai-se chamar Esperança, se for menino vai-se chamar João…
Mas Deus não lhe fez a vontade. Por isso, no dia de Natal, “mesmo de barriga à boca” (grávida), preparou a ceia. Acendeu a lareira e colocou junto dela dois potes de ferro. Dentro do mais pequeno cozeu o polvo, e dentro do maior cozeu o bacalhau, os tronchos de couve portuguesa, as batatas e os rábanos.
De seguida, amassou a farinha para as filhós e partiu o pão para as rabanadas. Filhós e rabanadas que, com o polvo, eram os acepipes principais da ceia de Natal, na casa dos lavradores, em Trás-os-Montes.
À tardinha, composta a mesa, a família sentou-se à sua volta e ceou. Depois, finda a refeição, cantaram todos ao Deus Menino as canções de Natal que passavam de geração em geração:
Já se ouvem os clarins,
Dos anjos e serafins,
Que Deus enviou à terra,
Cercados de paz e luz,
Para anunciarem ao mundo,
O nascimento do Seu Filho,
O Menino Jesus.

E junto à manjedoura,
Num estábulo em Belém,
Já se encontram pastorinhos,
E outra gente, também,
Em frente Dele,
E de Maria, sua mãe,
Cantando alegremente:

“Olá, meu Menino,
Como Tendes passado,
Só para Vos ver,
Deixei o meu gado.”

Isto prolongou-se até próximo da meia-noite, altura em que o sacristão tocou os sinos, ecoando na noite escura, para chamar a população da aldeia para a Missa do Galo.
E foi então que a Maria do Céu, o marido e os filhos se encaminharam para a igreja, para assistirem à Missa do Galo e beijarem o Menino Jesus, que o padre Francisco foi buscar ao Presépio para o dar a beijar aos presentes, que, em silêncio, o beijaram com tanta devoção como se fosse o Deus verdadeiro.
Findas as cerimónias religiosas regressaram a casa. A noite estava tão serena como a Maria do Céu a tinha imaginado, quando pediu a Deus que lhe desse o filho nessa noite de Natal.
O vento tinha amainado e a neve caía em silêncio nos telhados e nos campos, dando a impressão que os anjos tinham descido sobre eles e os tinham coberto com um imenso lençol branco, de linho, em homenagem ao nascimento de Jesus.
Na aldeia o silêncio era absoluto. Agora só de longe a longe se ouviam cantar os galos, porque eles sabem a música de cor. Pensava para si a Maria do Céu quando, já deitada, encostava a barriga ao marido para que ele sentisse o filho a dar-lhe um pontapé…
Filho que só viria a nascer três dias mais tarde, no dia 28, num sábado solarengo, para quem a Maria do Céu, cumprindo a promessa feita a Deus, pediu ao marido que lhe fosse dado o nome de João. O que veio a acontecer, quando o padre Francisco o baptizou a seguir, no domingo de Páscoa.

João que, nove anos depois, quando o professor mandou sair mais cedo os alunos para irem ajudar a fazer o Presépio, correu para casa e disse à mãe:
- Mãe, já começaram as férias do Natal! Dê-me de comer que quero ir buscar musgo para o levar à igreja, à minha madrinha, para fazermos o Presépio. Olhe que já faltam poucos dias para ser o Natal e para nascer o Menino Jesus…
A mãe, ao vê-lo com tanta ansiedade, disse-lhe:
- Então come alguma coisa antes de saíres, e agasalha-te bem porque está frio e podes constipar-te.
E respondeu-lhe ele, eufórico:
- Ó minha mãe, eu não tenho frio! A senhora não vê que o Menino Jesus está couracho (nu) no Presépio, junto de Nossa Senhora e de São José, e da vaca e da burrinha, e não tem frio?...
E diz-lhe a mãe:
- Isso é verdade, meu filho, mas tu não és o Menino Jesus…
- Pois não minha mãe, mas também não tenho frio…
O João saiu de casa a correr e foi procurar musgo ao tronco dos olmos, ao Ribeiro dos Inverniços, e levou-o à madrinha, que já se encontrava na igreja a ajudar o padre Francisco a fazer o presépio.

O João andava feliz e contente. Agora, apenas esperava que chegasse o dia e a noite de Natal. Primeiro, para comer as filhós, as rabanadas e o polvo. Segundo, para ir à Missa do Galo e beijar o Menino Jesus. E depois, quando chegasse a casa, ir-se deitar e ver entrar no seu quarto o Menino Jesus, quando lá fosse levar os rebuçados do céu. Mas este segredo nem à mãe o tinha revelado…
Nessa noite, depois da ceia e dos cânticos ao Deus Menino, o João foi com os pais à Missa do Galo e quando chegaram a casa foi para o quarto e deitou-se, mas não adormeceu logo…
O dia e a noite de Natal eram especiais para toda a gente. Porém, a noite tinha uma magia muito especial para as crianças, porque esperavam que o Menino Jesus fosse ao quarto deles levar os rebuçados do céu, por que isso era a prova de que não tinham mentido aos pais nem ao professor.
De manhã, quando acordavam, encontravam os rebuçados espalhados pelo chão e corriam para os pais, a dizer:
- Ó meus pais tomem lá um rebuçado do céu, que o Menino Jesus me deixou no meu quarto…
Os pais e os irmãos mais velhos, se os havia, não se desmanchavam e aceitavam o rebuçado, mantendo-se assim o segredo da tradição na aldeia.
Tradição essa, que passava de geração em geração até que os filhos descobriam que quem lá ia levar os rebuçados eram os pais e não o Menino Jesus. E, então, quando isso acontecia era uma desilusão enorme para eles. Primeiro, por que se sentiam enganados pelos pais. Segundo, por lhes roubarem esse sonho, tão lindo, de uma noite verem entrar o Menino Jesus no seu quarto, acabando assim a magia dos rebuçados do céu.

O João ainda acreditava nos rebuçados do céu. O pai, algum tempo depois de ele ter ido para o quarto, julgando que já dormia, pegou nos rebuçados que tinha comprado na vila, para serem diferentes dos que se vendiam na taberna da aldeia, e dirigiu-se ao quarto dele, com mil cuidados e abriu a porta e espalhou os rebuçados no chão. Mas quando já estava de saída, qual não foi o seu espanto quando vê o filho a saltar da cama e a dizer para ele:
- Então o pai é que é o Menino Jesus...
O pai, embaraçado, pediu-lhe desculpa e disse-lhe o mesmo que já tinha dito aos irmãos, em circunstâncias iguais:
- Desculpa, meu filho, por te ter enganado. De facto, quem tem cá vindo a deixar os rebuçados tenho sido eu, e não o Menino Jesus…
E para minimizar o choque do filho, quando o viu a chorar, acrescentou:
- Sabes, meu filho, o Menino Jesus não tem tempo para ir ao quarto de todas as crianças do mundo que se portam bem e não dizem mentiras. Pergunta aos teus irmãos se não foi também assim com eles… E olha que já o teu avô me fez a mim a mesma coisa…
O filho, triste, olhou para o pai mas não tocou nos rebuçados, correu para a mãe a chorar e disse-lhe:
- Mãe, o Pedro tinha razão quando me disse que eram os pais que deixavam os rebuçados no quarto dos filhos e que não era o Menino Jesus, mas eu não acreditei nele…
A mãe, abraçada a ele, deu-lhe um beijo e disse-lhe:
- Sabes, meu filho, todos os pais fazem isto aos filhos, até que eles descobrem, como tu, que não é o Menino Jesus que lhe traz os rebuçados. Mas deixa lá, não chores. Não é por isso que Ele não gosta de ti! Agora vai dormir e não penses mais nisso, o teu pai gosta de ti e não o fez por mal.
O João regressou ao quarto e adormeceu, mas o desgosto ficou com ele. A partir desse dia fez os trabalhos escolares, que o professor lhe tinha mandado fazer em casa, e no dia sete de Janeiro voltou para a escola, mas apareceu de semblante triste. Então o professor, ao vê-lo assim, perguntou-lhe:
- O que se passa contigo, João? Vens tão triste!... Não fizeste os trabalhos de casa, como te mandei, foi isso?
E ele respondeu-lhe:
- Não é por causa disso, senhor professor. Eu fiz os trabalhos todos, mas na noite de Natal quando estava no meu quarto à espera de ver entrar o Menino Jesus com os rebuçados do céu, quem lá foi pô-los foi o meu pai…
Dizia isto ao professor de olhos pregados no chão, prestes a chorar.
O professor conhecia a tradição e ficou embaraçado. Sem saber o que lhe dizer, pediu-lhe que lhe mostrasse os trabalhos de casa. Ele foi mostrar-lhos, e o professor passou os olhos por eles e deu-lhe um “B” grande e disse-lhe: parabéns João, estão muito bem!
Tu és bom aluno, vai-te sentar.
Ele viu escrito, a encarnado, o “B” grande no topo das páginas e foi-se sentar.
Os alunos mais velhos já sabiam que era assim que acontecia. Os mais novos, esses, continuaram a acreditar que era o Menino Jesus.
Definitivamente, para o João findou esse sonho, tão lindo, de uma noite de Natal ver entrar no seu quarto o Menino Jesus com os rebuçados do céu. Agora já sabia quem o fazia…
Apenas não sabia que, se um dia fosse pai, nas noites de Natal ia fazer aos filhos o mesmo que o pai lhe fez a ele, até que fosse apanhado com a boca na botija e um filho saltasse da cama a dizer: então, o Menino Jesus é o meu pai!…

Os anos foram passando. Em todos houve um dia e uma noite de Natal. A Maria do Céu teve mais quatro filhos, sete ao todo. Para ela, alguns dias de Natal foram alegres, outros foram tristes. Muito tristes! Longe eclodiram guerras e para uma delas foi enviado o seu filho João, onde viria a falecer no dia vinte e três de Dezembro.
No dia seguinte apareceu em casa um sargento do Exército a levar a notícia de que“ o soldado João Almeida tinha morrido numa emboscada, em Moçambique, e em nome do Exército apresentava condolências e informava que o seu corpo chegaria brevemente ao Continente, para ser entregue à família”.

Nesse ano, em casa da Maria do Céu já não houve ceia de Natal, nem se cantaram canções ao Deus Menino. E na mesa da cozinha ficou vazio o lugar que mais ninguém ocuparia.
A partir desse dia, em sua casa a harmonia e o sossego familiar alteraram-se, profundamente. Primeiro, com a morte do filho, na guerra do ultramar, depois, com a do marido, que não resistiu à morte do filho. E, finalmente, com a solidão.
Viúva, os desgostos da vida e os anos a pesarem levaram-lhe a felicidade e a paz de espírito, até ao fim dos seus dias. Embora os filhos, enquanto viveu, fossem todos os anos, com as famílias que constituíram, passar o Natal a casa dela.
Eles estiveram sempre ao seu lado, porque ela foi uma boa mãe. “Ai de quem toque nos meus filhos, nem que seja com uma flor”, dizia ela, quando se referia a eles.

João de Deus Rodrigues.

In: Livro “NEM SEMPRE OS PINHEIROS SÃO VERDES” – Poética Edições

 

 

15.12.16

Com 97 anos morreu o Autor da Marcha de Montalegre

aquimetem, Falar disto e daquilo

 

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De Barroso da Fonte

Quem era vivo e tem a memória fresca lembra-se da música dos anos sessenta, durante a guerra do ultramar «Angola é nossa». De resto havia duas canções com o mesmo título. Mas com letra e música diferentes. Ambas muito conhecidas, ritmadas, muito persuasivas e muito empolgantes. Ninguém ficava indiferente à música e à letra. Sobretudo nas rubricas radiofónicas de discos pedidos, tanto uma versão como a outra, eram das mais requisitadas pelos ouvintes, quer em Angola, quer no Continente. Logo após a autonomia das Províncias Ultramarinas, uma e outra versões foram silenciadas, deixando de ouvir-se. Uma dessas versões tinha música e letra do Padre Ângelo do Carmo Minhava, natural de Ermelo, concelho de Mondim de Basto. Este sacerdote Transmontano nasceu em 15 de Janeiro de 1919 e faleceu dia 2 de Dezembro em curso. Foram 97 anos de vida cheia, de entrega aos outros que foram todos aqueles que com ele se relacionaram, que com ele aprenderam nas aulas e cumpriram as normas religiosas.
Ordenou-se no Seminário de Vila Real, em 1942. Desde cedo se dedicou à arte musical e poética, lecionando, formando tunas e orfeões e regendo esses agrupamentos, quer no antigo Liceu Camilo Castelo Branco, na Escola de S. Pedro, no Instituto Politécnico de Vila Real (mais tarde UTAD), quer no próprio seminário a que pertenceu como aluno e mais tarde, o resto da vida, como professor. Foram seus alunos e vários e conhecidos maestros, como José Luís Borges Coelho, Altino Moreira Cardoso, Prof. Magalhães. Padre Branco de Matos.
Foi professor de latim, Francês, Literatura e, obviamente, música. Em 1947 escreveu e publicou o poema herói-cómico – Lírico Cabrilíada. Editou vários outros livros sobre literatura e boas maneiras de falar e de conviver em sociedade. Foi autor de muitas marchas, entre as quais de: Vila Real, Montalegre, Régua, Boticas, Ribeira de Pena, Pensalves, Pontido, Lagoaça. Hino do Regimento Militar de Chaves e de vários regimentos que prestaram serviço no Ultramar. Com letras do autor desta nota, musicou os Hinos das Casas Regionais de Trás-os-Montes de: Guimarães e do Porto; o soneto «Para meu Pai» e o poemeto «Da terra nasce o amor».
O que fica para além da morte do Padre Minhava, depois de 97 anos de vida, são a bondade, o saber o exemplo cívico. Resta seguir as linhas mestras que o Padre Minhava nos incutiu.
Falo por mim que fui seu aluno durante dez anos. Foi meu maestro, meu complemento em coisas que têm a minha assinatura, mas precisei da dele; e, em cultura, que muito me ensinou e que, por culpa minha, tão pouco aprendi.
Perdemos todos os Transmontanos, muitos portugueses e a sociedade, em geral, um dos mais lúcidos, mais sólidos e mais coerentes cidadãos do nosso tempo. Quase um século de uma convivência proveitosa, porque viveu para os outros e não me parece que tenha vivido para si. Permita-me o leitor que fale na primeira pessoa. Há notícias que se escrevem e que podem gerar incomodidades. Mas quando se fala de alguém, como foi o Padre Ângelo do Carmo Minhava, fica-se, com a quase certeza, de que falamos de um ser humano, verdadeiramente exemplar.
Conheci-o em 1952, como meu professor de música. Nunca fui bom aluno em nada, nem sequer em música. Em dez anos solfejei, cantei e até regi algumas vezes, mas só nas aulas e entre colegas. Fui barítono por escolha sua. Nessa condição cheguei a ir, integrado no seu orfeão, atuar aos estúdios da Rádio Alto Douro. Penso que era um brinquedo para o (depois, meu amigo) Carlos Ruela. Era um privilégio nesses tempos, em que não havia estúdios, nem televisões. Mas, de facto, apenas fiz letras que (os hoje maestros) José Luís Borges Coelho e o Altino Moreira Cardoso, musicaram.
Por não conseguir musicar, sinal de que aprendi pouco, em dez anos, tive a rara satisfação de ver quatro poemas meus musicados pelo Mestre de nós os três. Pela vida fora foi lendo os meus escritos em jornais e em livros, em prosa e em verso,que produzi em mais de meio século. Sempre me escrevia a agradecer e a felicitar; e, algumas vezes, a puxar as orelhas, por excessos de linguagem ou discordâncias formais. Recordo que numa entrevista a Gil Silva e a Paulo Mourão ao programa «Perfis -Transmontano sem preconceito», questionado sobre - «o que tem a dizer sobre Pires Cabral, António Cabral e Barroso da Fonte, respondeu assim: - «embora discorde, por vezes, de certas efabulações do escritor Pires Cabral, reconheço nele um escritor de muito mérito... O dr. António Cabral é, desde jovem, vocacionado para as letras. Barroso da Fonte, idem, por vezes bastante conflituoso, mas frontal e grande patriota». Nunca me reconheci tão bem caraterizado. De Ângelo Minhava fica, para além da morte, aquilo que todos nós deveríamos deixar: erudição, obras e exemplos de toda a natureza. A imprensa regional já noticiou o seu desaparecimento. Na imprensa diária, a começar pela RTP que se proclama de serviço público, ainda nada vi, nem ouvi, de entretida que anda com o futebol, com guerras de alecrim e de manjerona e com vedetas vazias de tudo, a não ser a espuma que lhes tapa as mazelas. Espero que o poder político distrital, desde Mondim de Basto a Montalegre, desde Vila Real à Régua, de Chaves a Lagoaça, saiba perpetuar o nome e a obra deste Transmontano do tamanho das Fisgas de Ermelo e do simbolismo intelectual do Douro. Há homens do tamanho do mundo como o Mons. Ângelo Minhava que só aparecem e desaparecem de século a século.

08.12.16

Boas Festas

aquimetem, Falar disto e daquilo

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 A todas as amigas e amigos com quem tenho o prazer de manter um amistoso relacionamento virtual venho desejar um santo Natal e um 2017 cheio de venturas. O mais peçam vós ao Menino Jesus e à Virgem Santa Maria 

08.12.16

BOAS FESTAS

aquimetem, Falar disto e daquilo

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 Com um poema do poeta e prosador João de Deus Rodrigues, venho desejar a todas as minhas amigas e amigos leitores deste blog um santo Natal e um novo Ano de 2017 cheio de venturas. Boas Festas 

UMA SÚPLICA AO NOVO ANO 2017


Ano Novo, meu amigo,
Não passes depressa,
Que me levas contigo.
E dá-me o que te peço,
A mim e a toda a gente:
Saúde, paz, amor e alegria.
Honestidade e inteligência,
E o pão nosso de cada dia.

E traz-nos o calor do sol,
O cintilar das estrelas,
A bênção da chuva,
O murmúrio das fontes,
O trinar do rouxinol,
E o cheiro dos montes.

E fazei, também,
Com que os frutos da terra,
E os peixes do mar,
Sejam divididos,
Com justiça e equidade,
Por toda a Gente da Cidade.
Sem ter em conta a sua cor,
O sexo, o credo, ou a idade.

E, finalmente,
Protegei todas as crianças,
E livrai-nos da fome,
Da peste e da guerra.
Para que haja Paz, Pão e Esperança,
Nas casas de toda a gente,
Que habita a nossa Terra.

08.12.16

A data maior de Portugal é o 24 de Junho e não o 1º de Dezembro

aquimetem, Falar disto e daquilo

bfonte.jpgPor: Barroso da Fonte

 

No preciso dia 1 deste dezembro sombrio, enquanto acompanhava pela tv a cerimónia alusiva à data, relia eu uma entrevista de José Mattoso à «História JN, nº 3». Aí afirma que «Portugal é um país que (ainda) procura o seu destino. A identificação nunca é definitiva. Por isso Portugal vai sendo» aquilo que os nossos políticos quiserem. E, como eles preferem o mediatismo, o espalhafato e a confusão, deles só podem esperar-se aberrações, excrescências e remoques. O verdadeiro povo não foi ver nem ouvir. Está cheio da baixa política.
Pelo que vi e ouvi durante a sessão solene dos 376 anos do 1º de Dezembro, que restaurou a independência de Portugal. Sempre fui e serei pela celebração de todos os feitos que a História registou, e que pelas razões com que acima aduzo, ainda não tiveram o discernimento de corrigir as datas maiores da Nossa História. Embora, também eu concorde que o 1º de Dezembro nunca deveria ter acabado, senti-me identificado com o politólogo Joaquim de Aguiar que acompanhou, como convidado, aquela sessão. O que ele disse era aquilo que eu gostaria de dizer, se tivesse palco e competência para me fazer ouvir. É por isso que lhe dedico este artigo de opinião. Nunca falei com ele, nem sei em que águas toma banho. Mas apoio incondicionalmente os seus comentários. Como apoio os argumentos que José Ribeiro e Castro, coordenador-geral do Movimento 1º de Dezembro, que assinou na «Praça da Liberdade» do JN do dia 29.
Aquele naipe de nomes reais, hipotéticos, fictícios e gracejantes, atribuídos à RTP que, convidada a transmitir, em direto e integralmente, o desfile Nacional de Bandas Filarmónicas, com 35 presenças, imitando o que fez em 2013 e 2014, recebeu a nega dos administradores e diretores da televisão pública. Gravíssimo e a merecer forte reprimenda por parte de quem ignorou o cumprimento deste verdadeiro serviço público. Mas chamar «data maior da História de Portugal ao dia da restauração» não perfilho nem perfilharei, enquanto por aqui andar e mantiver a lucidez que julgo ter. Digo isto, de novo, ao ex-deputado da AR, como já lho havia dito em diversos artigos de imprensa e em carta pessoal que lhe mandei, na qualidade do sócio nº 1 e de Presidente da Direção, durante vinte anos, da Associação Nacional de Combatentes do Ultramar.
É fácil de explicar: apenas se restaura aquilo que já existe. Aquilo que em 1640 se restaurou, já tinha 512 anos. O 24 de Junho de 1128 é, contra ventos e marés, a data maior da História de Portugal. Não é preciso ir a Coimbra para se compreender este raciocínio. José Mattoso chamou-lhe «aquela primeira tarde Portuguesa». Ainda hoje, volvidos 888 anos, no Alto da Bandeira, na freguesia de Creixomil, às portas do Campo de S. Mamede, em Guimarães se realiza, todos os anos, a Festa popular e religiosa da Senhora da Luz. Esta celebração encerra a fenomenologia religiosa em honra da Senhora desse nome, que prolongou a luz do dia para que a Batalha de S. Mamede tivesse êxito total e claridade bastante para se consumar a vitória da emancipação do Condado Portucalense. Foi aí que o Condado acabou e o Reino de Portugal teve o seu início. Por isso mesmo, ainda hoje se lhe chama o Dia Um de Portugal.
Incompreensivelmente ainda não houve coragem política, nem lucidez científica bastante para hierarquizar a importância das datas da História de Portugal. Quando tal se fizer, o 24 de Junho de 1128, o 25 de Julho de 1139, o 14 de Agosto de 1385 e o 1º de Dezembro de 1640, deverão ter escalonada a sua importância.
Até lá, a data da Restauração tem um simbolismo menor em relação a todas essas datas, porque sem elas não teria ocorrido a Restauração, em 1640. Em história como na vida das pessoas, há precedências que têm de respeitar-se, a partir do dia de nascimento. Sem nascimento nada existe.
O meu nacionalismo tal como o patriotismo que me levou à guerra, em Nuambuangongo, no Norte de Angola, sem saber porquê, mas que aceitei como dever cívico, é o mesmo com que defendo este diferendo Histórico. Não podemos nem devemos num império de 888 anos, valorizar apenas 376. É que sem os 512 que a data de 1 de Dezembro lhe retira, Portugal não seria hoje o reino que fomos e o país que somos. Joaquim Aguiar acusou Marcelo de ser uma ironia de si mesmo. E António Costa um pau mandado da esquerda anquilosada.
O que se viu na última Quinta-Feira não foi uma invocação histórica. Foi um palanque e um ajuste de contas entre políticos. Uma orquestra bem afinada entre dois órgãos de poder que se valeram da História propagandística, a tal a que José Mattoso chamou de mentira, porque «os políticos em Portugal, nunca conseguiram, ou não quiseram, verdadeiramente, unir o país, antes quiseram dividir para reinar». A prova provada de que o PR e o PM estabeleceram um pacto de não agressão mutua, rejeitado pelo povo, foi esse espetáculo degradante. Foi preciso improvisar transeuntes para tirar a foto dos afetos. Joaquim Aguiar definiu o PR como a «ironia de si mesmo».

06.12.16

Um dia seis do mês de Natal

aquimetem, Falar disto e daquilo

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Rezam os arquivos que a 06 de Janeiro de 1938 nasceu na freguesia de Vilar de Ferreiros, concelho de Mondim de Basto, um individuo do sexo masculino a quem deram o nome de José Augusto da Costa Pereira. Decorridos 78 anos aqui o temos na condição de aniversariante, a retratar sem ser retratado, como ao longo da sua vida tem sido timbre seu: evitar os exibicionismos, que são roupagem a usar por quem tem jeito. Este ano até a data perdeu em numero de convivas que habitualmente costumavam aparecer em minha casa. Os "dezembros" pesam e as energias afrouxam com o cair da folha.... Quem não faltou foram os meus vizinhos do lado que de tanto ouvirem o repenicar do telefone e telemóvel iam comentando: - Como é que o vizinho vai responder a tantos amigos seus? Lembrei: - Sendo dia 06 é também dia de São Nicolau, e por isso nada melhor como a  exemplo desse santo ser-se  generoso e agradecido; o resto, e mais importante, fica no coração guardado. Mais um dia seis do mês de Natal

04.12.16

Fica a saudade, a boa fama e a obra que deixou

aquimetem, Falar disto e daquilo

 

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N. 15/01/1919 – F. 02/12/2016

Em 15 de Janeiro de 2007 escrevi eu neste blog : “ Fez há pouco mais de 2 horas, 88 anos que nasceu, no lugar da Misericórdia, freguesia de Ermelo, o mais notável mondinense de sempre e que Vila Real acolhe como dilecto filho adoptivo, desde 1931: Monsenhor Ângelo do Carmo Minhava “. Foi ordenado sacerdote a 19/12/1942, 23 anos depois do seu nascimento, a 15 de Janeiro de 1919. Os seus dotes artísticos e culturais fora do comum cedo se revelaram e despertaram o apreço e admiração do saudoso Bispo D. António Valente da Fonseca que o convidou para leccionar no Seminário: Latim, Literatura, Francês e Musica. Como musicólogo de nomeada dirigiu o Orfeão do Seminário, do Liceu, da Escola Técnica  e do Instituto Politécnico de Vila Real. Notável poliglota os seus artigos de Critica Literária e Musical ficam dispersos por diversas revistas e jornais, o mesmo acontecendo em relação a trabalhos sobre Linguística e Filosofia. Na condição de autodidacta, tornou-se estudioso da Língua Alemã e Russa, tendo feito a tradução de algumas obras. Também como escritor destaco a “Cabrilada” que mereceu de Teixeira de Pascoais rasgado louvor.Musicou letras de muitos poetas e poetisas de todo o País, incluindo Madeira e Açores. Autor da Música de várias Marchas, recordo a de Vila Real, a de Mondim de Basto, a de Montalegre, a de Mesão Frio, a de Cerva e a de Santa Marta de Penaguião.

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Deste saudoso amigo que tive a honra de merecer dele um comentário na Voz de Trás os Montes, ao meu livro: ” Vilar de Ferreiros- Na história, No espaço e na etnografia”, resta-me honrar a sua memória e por intercessão de Nossa Senhora da Graça pedir a Deus que lhe dê o merecido lugar no céu. Com o seu desaparecimento ficou Portugal e os transmontanos mais empobrecidos. Fica a saudade, a boa fama e a obra que deixou.

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