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Portugal, minha terra.

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28.06.16

Acerca do «caso de polícia» no Centro da Aldeia Nova

aquimetem, Falar disto e daquilo

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Por : Barroso da Fonte

Na última edição deste Jornal, vinda a público no dia 30 de Maio, em toda a sua pagina 11, noticiei um «caso grave» que se vive, a céu aberto, naquele que foi o centro vital, dos dois aldeamentos, mandados construir pela Junta de Colonização Interna, nas décadas de 1940/1950. Nasci nesse tempo, minha irmã mais velha teve direito a uma casa dessas e aí nasceram os seus sete filhos que emigraram. Além de casas tiveram direito a terrenos que mais tarde deixaram, por terem emigrado. Sempre entendi esse projeto como obra meritória. E, ainda hoje, quando ali passo, tenho saudades de quando ali ajudava meus familiares, nas fainas agrícolas.
Conheci o saudoso Regente Agrícola Pisco, Homem que pautou a sua vida pela lisura, pela competência e pela honradez, virtudes que se perderam e que não posso deixar de invocar. Vivia ele no «chamado Centro» das duas aldeias: «de Barroso» e de «Criande». Era uma espécie de responsável dos aldeamentos existentes na região do alto Barroso (Montalegre e Boticas). O de Cri- ande situa-se aos pés de Morgade e, quem não souber a história, pensa que se trata da mesma povoação. Mas não: são duas, ainda que fundidas. Ali passava a antiga Estrada Nacional: Braga-Chaves. Na década de 1960 mudou mais para norte: passando por: Friães,Viade, Parafita, Penedones, S. Vicente. Nesse espaço foram plantados muitos pinheiros que, por bem cuidados, bem distribuídos e com a água da Barragem à sua volta, possibilitaram, ali, uma espécie de ilha que no verão servia de praia aos passantes e pescadores.
Esse núcleo cresceu, urbanizou-se e tornou-se uma zona de lazer. Teve uma pousada, estação de serviço para reparação de alfaias agrícolas e até teve direito a uma rotunda, que terá servido de modelo para a chusma delas que povoam hoje as cidades e vilas de norte a sul do país.
Com a revolução dos cravos e com a perseguição a quem não barricou as ruas, preferindo manter-se, calmo e sereno, cumprindo, honestamente, as suas competências, o referido técnico e família mudaram-se para a cidade e, por lá reconstruiram as suas vidas. A ingratidão fez vítimas inocentes que prepararam o céu para quem, em condições normais, merecia o purgatório.
Com o simbolismo desta metáfora, em 27 de Maio último, chegaram ao meu conhecimento imagens comprovativas de que esse apetecível espaço, já depois de ter sido inaugurado pelo então e atual ministro Capoulas Santos, em 1998, o Centro de Formação Profissional Agrário de Barroso, virou antro de todo o tipo de monstruosidades. Espaços que, de confortáveis salas da aulas, ricamente equipadas com monitores audiovisuais, quadros, computadores, pastas, ficheiros, material vídeo, viraram o lamaçal que ali está. Certamente, quem me fez chegar essas provas, sabendo que sou jornalista, dizia-me «O sr. costuma escrever que as pessoas da sua terra são sérias e civilizadas. Eu sou pescador e fui chamado para ver aquela lixeira. Faça também uma visita a esse local. E depois escreva acerca daquilo que viu». No fim de semana seguinte cumpri o desafio. E escrevi o que veio a público, informando, fosse quem fosse, que me desse uma explicação para que eu pudesse esclarecer os leitores, acerca daquela montureira que envergonha não só as autoridades implicadas, como os Barrosões e cidadãos em geral.
Inseri, inclusive nessa página de jornal, cópia de 2 tipos de envelopes, perfeitamente utilizáveis, com a agravante de que foram feitos vários milhares deles com a gravação de correio azul pela litografia Maia. Andam por lá, aos pontapés de todos, sabendo-se que foram pagos pelo erário público e cada um vale 1,10 euros. Essa estrumeira sem portas, de céu aberto, com tudo esventrado, sujo, inútil, com carcaças de plasmas, de estantes, de televisores, de cadernos escolares, de pastas com os cadastros de alunos, de contas, de diplomas, de camisas de Vénus, de cd's,mais lembra um terramoto do que um sítio aprazível, centro de formação, escola ou mero dormitório. Ninguém pode culpar ninguém, de levar dali, seja o que for, porque está aos deus-dará, entre pinheiros e silvados, um mundo que permitiu a muita gente, para o bem e para o mal, esbanjar o património nacional No mês que decorreu fui diversas vezes a Montalegre. Cumprimentei muita gente. Penso que alguma dessa gente é co-responsável. Ninguém, absolutamente ninguém, me questionou, me fez qualquer observação, nem chegou à redação do Jornal qualquer reparo. Esperaria que chegasse qualquer explicação justificativa. O espaço desta crónica serviria para dar possível justificação que assumisse o descuido, ou até da própria Câmara, a informar que iria proceder à limpeza desse espaço.
Pelos vistos é o jornalista que não merece crédito e que anda neste mundo ou está ligado a esta terra para levantar problemas a quem não tem culpa nenhuma.
Pela minha parte cumpri apenas o dever de informar, não acusando, seja quem for. É uma missão que cumpro desde há 62 anos. Tenho a minha carteira profissional em dia, nada consta no meu cadastro acerca de direitos caducados. E por isso podem todos os pescadores da Barragem de Pisões, visitar esse e todos os lugares com ou sem história. A não ser os pinheiros que são do domínio público, tudo aquilo que ali existe, em bom ou mau estado, timbrado ou manuscrito, entrou no domínio público e nada ali existe que tenha portas convencionais, que seja proibido para levar ou consultar.
Dizem-me que sucede o mesmo no Posto Experimental da Veiga, entre a Vila, Meixedo e Codeçoso.
Um concelho a saque, um património público que tão útil foi no tempo em que me criei e que, entre no domínio público como se vivessemos no reino das bananas.

24.06.16

Na peugada de Camilo

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Uma das preocupações da "Academia de Letras de Trás-os-Montes" é manter os associados a par dos eventos culturais que honram e dignificam as terras desse "Reino Maravilhoso" que Torga descreveu tão bem. Junto com cartaz esta mensagem:  

Caros sócios (as),
A pedido direcção da Tertúlia João de Araújo Correia, reencaminho o cartaz em anexo.
Saudações Académicas

 

 

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22.06.16

Parabéns por mais um

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Já lá cantam 79 e festejados, ontem, dia 21, em ambiente muito simples e amistosamente familiar, o cafezinho e bolo de aniversário e está a festa feita.

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Foi o poeta João de Deus quem advertiu: “Olhe que a gente começa/ Ás vezes por brincadeira/ Mas depois que se habitua/ Já não tem vontade sua/ E fá-los queira ou não queira !”. Assim é de facto e assim foi ontem com a minha esposa. Que aqui deixo feliz no cantar dos parabéns. Para o ano há mais.

 

 

17.06.16

Um livro lido por Júlia Serra

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Ora aqui tem o poeta e prosador João de Deus Rodrigues a apreciação critica que vem valorizar a obra "Burros? Sim, mas só de Nome" saída da mão de Júlia Serra. Tendo disso conhecimento não podia deixar de dar destaque ao facto, aqui vai:
"João de Deus Rodrigues lembra, nesta obra, as gentes de Talhas e de Morais da sua geração que se dedicaram ao labor da terra, utilizando os burros, para sustentarem a família. Num sentido mais amplo, é uma homenagem a toda a região transmontana que tem lutado para evitar a extinção deste tão serviçal companheiro. Aliás, o autor escreveu: ”Daqui, resultou a necessidade que senti de escrever algo sobre os burros, como sendo, também, uma obrigação minha fazer alguma coisa, embora de pouca valia, para evitar que tal (extinção ) venha a suceder-lhes. E, por arrastamento, aos seus híbridos. Depois, aproveitar o ensejo de mostrar o meu reconhecimento à burra Sópa, e a todos os seus iguais, pelo muito que fizeram pela humanidade, ao longo dos séculos, depois de terem sido domesticados”( p.18).
O autor do Prefácio, José Ribeirinha Diniz da Costa, coloca uma interrogação e adianta uma resposta explicativa: “ Como entender uma ligação tão íntima a este animal e esta obstinação pela alteração dos epítetos que rotulam “o burro”, que tão úteis e prestimosos trabalhos “prestou” ao ser humano? Tudo reside, se apoia e sustenta na ligação profunda do autor à sua terra, às gentes, aos costumes e tradições, à simplicidade dos modos de vida rural e, por fim, aos animais indissociáveis dessas formas de viver no campo.” Com efeito, as memórias do lugar deslizaram no tempo e tornaram-se mais vivas face à mundividência de um presente citadino que se confronta no drama do ser criança/adulto. A categoria temporal é determinante para a sensibilidade/interioridade e a escrita, aqui, desempenha o papel de resgate de memórias de um espaço registado na infância e que o cronómetro e a distanciação reforçaram, gerando novos sentimentos e visões. Entre o bulício da cidade e da globalização, a rememoração do passado assume um carácter de urgência, pondo à prova o valor das raízes na existência urbana. Assim, o ser não fica acomodado e começa a desenterrar a infância com mais afinco e didactismo: há pensamentos interventivos, réstias de visibilidade e dores que fazem poetar, bem marcadas na prosa e nos versos que compõem este livro.
João Rodrigues apresenta-nos um tratado sobre os burros, assinalando bem a diferença entre o comportamento e a fisionomia do macho e da fêmea; compara o burro ao cavalo e, embora reconhecendo a elegância deste último, inclina-se pela sua “amiga Sópa”, imagem retida desde a infância. Nas suas explanações sobre estes animais, aproveita para introduzir algumas recordações da avó Merência e alguns ditos e provérbios ligados ao burro. Encontramos nesta obra, muita matéria sobre este animal, alguma com base mais científica, outra de índole popular, no entanto, o próprio autor apela para que se faça um estudo mais aprofundado sobre o gado asinino, como em tempos alguns estudiosos já o fizeram - citando o veterinário Ruy de Andrade – ao apresentar a distribuição de asnos e muares em Portugal e no mundo, no início do século vinte (ver pp 59-60). Desde a origem dos burros à sua domesticação e purificação da raça, tudo se pode encontrar neste livro, não esquecendo os provérbios e o seu desempenho a nível mitológico e simbólico. Para uma visão mais precisa do tão sábio animal, há ainda as fotos a completar o catálogo. O certo é que João de Deus afirma que o burro mais especial é o do Egipto:“ (…) pelas suas características, e por ser o mais esperto, fino e bem feito, de todos os burros…Tinham, apenas, um metro e quarenta de altura, e os egípcios tosquiavam-nos e ornavam-nos com arreios de luxo, desde os tempos dos Faraós”(p.53) Preocupado com a extinção da raça, o autor louva o papel da UTAD (Universidade de Trás-os Montes e Alto Douro) e das associações como a AEPGA (Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino) desempenhado na defesa do burro.
Reconhece ainda que, à semelhança do que se faz na ilha de Chipre: “Há como já disse, um grupo de jovens, turcos e gregos, que estão empenhados em salvar “o seu burro.”. Para isso, uniram-se com essa finalidade, quando tiveram conhecimento de que andavam a assassiná-los, nessa zona da ilha.” (p.95), Portugal deveria investir mais para salvar a espécie, embora haja sinais de uma maior sensibilização para o problema.
Em jeito de gratidão, o autor escreveu: “Obrigado burro zurrador,/Pelos teus zurros matinais./E por seres o melhor cantador, A imitar os burros, teus pais”. Uma excelente quadra que distingue o belíssimo zurrar do burro que em nada se assemelha ao relinchar do cavalo! Mas o burro deve sentir-se também ele agradecido por este aturado trabalho que o autor começou há doze anos: “Quando há uma dúzia de anos, comecei a reunir elementos para este livro, os estudos e as estatísticas sobre o Gado Asinino, em Portugal, eram escassos.” (p.58), o que revela o sentimento profundo e a capacidade de persistência traduzidos nas pesquisas e em outros meios encontrados para sustentar o discurso.
A terminar, uma nota sobre a singeleza da escrita misturada com a sapiência do povo, onde sobressaem termos e ditados populares, permitindo que a condição do homem de cultura dê lugar à do autor.
Se esta abnegação pelo animal tivesse sempre existido, certamente que a obra de José Régio “Príncipe com Orelhas de Burro” não teria causado tantos desgostos na corte e o dom da fada poderia ter sido interpretado como um “encanto” e não como um defeito…
Afinal, os burros são muito espertos. É uma questão de nome".

16.06.16

As Ripadas do Padre Domingos Barroso

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De Barroso da Fonte:

Dias Vieira, é um coronel da GNR que nasceu em Sezelhe, Montalegre, em 1944. Frequentou o Seminário de Vila Real, de onde saiu quando completou o curso Filosófico. Enveredou pela carreira militar na Guarda Republicana e frequentou o curso para oficial Superior por escolha, reformando-se como coronel. Fixou residência em Vila Real, onde continua a prestar serviço, como voluntário em diversas instituições de caráter social. Desde novo teve propensão para a escrita, colaborando em jornais e revistas, com relevo para o estudo de biografias Barrosãs. É autor de diversos livros: O Cabaneiro (romance), o Vinho do Porto na Cozinha (receitas), Guerra em Rima, Polymyxos, Barroso as Fonte - 60 anos de jornalismo de causas e casos e, neste último dia 9 de de Junho apresentou, As ripadas do Padre Domingos Barroso».
O facto do livro ser apresentado no programa oficial do 9 de Junho, dia em que se completaram 743 anos do foral de Montalegre já foi uma justa escolha. Mas o livro vem demonstrar que num concelho que em 1950 tinha cerca de 30 mil habitantes e tem hoje um terço de pessoas, não devem endeusar-se uns e exorcizar-se outros. Montalegre é o coração das Terras de Barroso. Só nos princípios do século XX se revelaram no Barroso profundo alguns nomes, como os padres: Domingos Pereira, Joaquim Álvares de Moura, José Liberal, Domingos Barroso, Artur Maria Afonso, Manuel Baptista, João Manuel Gonçalves Anjo Montalvão Machado e poucos mais. Foi em 1934 que Ferreira de Castro, veio por aí acima e deu nas vistas como o Romance «Terra Fria».
Surgiu nos meados do século uma geração de ensaístas, sem que algum deles se tenha imposto. Pelo meio chegaram mitos que em nome da maçonaria, da arrogância e da revolução, irromperam como que um ovni do quinto império.
Dias Vieira é dos primeiros da segunda geração do século XX. Tem estado no silêncio das confusões.
Pela facilidade no acesso à Voz de Trás-os-Montes, recolheu desse periódico de referência, cenas do
melhor que se escreveu nas Terra Fria. Já saíram três obras dessa pesquisa: «Guerra em Rima», «60 anos de Jornalismo», «Ripadas do Padre Domingos Barroso» e o mais que se verá.
Neste dia 9 de Junho último fez-se alguma clarificação. «As Ripadas do Padre Domingos Barroso», autor do famoso livro «Perdigueiro Português», vieram acalmar aqueles que ao longo de anos catapultaram a vulgaridade para os céus histeria coletiva. Será preciso conhecer o que esses esteios fizeram para julgar esses mitos que ocuparam todos os tronos, possíveis e imaginários do mesmo planeta.
Orlando Alves, autarca-mor dos barrosões esteve presente e aquilo que ali se viu e ouviu, talvez faça acordar aquele povo para uma nova realidade, da qual estivemos muito afastados algumas décadas. Esse autarca afirmou no prefácio dessas ripadas. «Não sei se haverá livros que possam ser catalogados como maus. Sei, isso sim que o trabalho que o sempiterno dedicado à cultura popular barrosã Dias Vieira, agora nos apresenta é uma daquelas produções livrescas que a um qualquer mortal daria subida honra prefaciar e ao Município de Montalegre apraz patrocinar». Na sessão solene desta solene apresentação Orlando Alves disse mais:
«É um livro que acrescenta valor à cultura barrosã. É um daqueles livros que será um sacrilégio se houver algum barrosão, residente ou não no nosso território, que não tenha a curiosidade de o ler. É daqueles livros que fica bem na mesa de cabeceira de cada um de nós. Este livro dá categoria e honra ao município de Montalegre. Está aqui um "caldo" bem feito, comestível e saboroso. É um homem que não podia continuar na penumbra da nossa história. Salta agora para a ribalta, pela mestria e pelo engenho da compilação de textos a cargo de Dias Vieira».
Barroso Magalhães, conterrâneo e professor do autarca explicou em termos claros. O livro tem três partes. Na primeira, as "ripadas" zurzem sobre coisas de Barroso. São 33 artigos, publicados entre 1948 e 1951. Na segunda parte, com 14 textos ao de leve, publicados em 1952, muda o título mas mantém o estilo e os temas de crítica social e de ataque cerrado aos falsos amigos de Barroso, sejam escritores ou autoridades. Manifesta-se preocupado com o marasmo das populações e das famílias; a falta de apoios para o desenvolvimento regional, na criação de gado e na conservação e aprimoramento da raça barrosã; na agricultura, na floresta, na caça e pesca e na reduzida rede de comunicações. Na terceira parte, não menos acutilante e cáustica, aparecem 32 poesias, publicadas entre 1950 e 1952».
Um livro que pela sua elevação, pelo seu estilo, pela pureza linguística e por tudo, ofusca veleidades balofas.

10.06.16

10 de Junho dia de Portugal

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De Memórias e Divagações, do poeta e prosador João de Deus Rodrigues recolho este seu soneto consagrado ao 10 de Junho, dia de Portugal:

Vens de longe e tens no peito um passado,
Cheio de esperança, lutas, missas e glória.
De quantos, com bravura, fizeram a história,
E agora repousam no teu chão sagrado.

Homens e mulheres, marinheiros e poetas,
Zarparam do teu solo para vencer o mar.
Em frágeis barcaças que o vento fez voar,
Num mundo desconhecido, de portas abertas,

Para dizerem a outras gentes e a outras raças,
Que traziam com eles não só a cruz de Cristo,
Mas também afiadas espadas nas barcaças.

Quando aportavam noutros portos, em outros cais,
Onde semearam crenças e genes sem igual,
Aqueles que fizeram de ti este glorioso Portugal.

09.06.16

José Cid chamou aos transmontanos aquilo que ele é

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 De Barroso da Fonte:

É usual dizer, em tom jocoso, que os homens se querem feios e que elas (as mulheres) gostam mais dos carecas. Como anda tudo trocado, a opinião desse faroleiro que «guincha» mais do que canta, nem merecia que a imprensa lhe desse troco. Os guinchos desse batráquio ouviram-se em 2010. Mas só agora, pelo que leio, tiveram eco em Alfândega da Fé. E a simpática comprovinciana Berta Nunes, Presidente da Câmara local, fez aquilo que qualquer autarca transmontano, poderia ter feito: «rua com ele porque nós apenas gostamos de quem goste de nós. Dos mal agradecidos está o inferno cheio», dir-lhe-ía minha Mãe, se fosse viva! Grande receita para quem é médica e sabe aplicar o remédio na hora certa.
As palavras que passaram na entrevista conduzida por Nuno Marki no Canal Q, com esse insensato foram as seguintes: «Essas pessoas do Portugal Profundo já deviam ter evoluído. Pessoas que nunca viram o mar vão para o Pavilhão Atlântico, pessoas medonhas, feias, desdentadas».
Esse «olho de vidro e cara de mau», desajeitado e retorcido, como corno de carneiro, não tem moral para ofender um Povo hospitaleiro, franco e generoso. Ainda bem que essas atoardas vieram a público e tiveram eco em quase toda a imprensa, antes que os dois espectáculos previstos para Alfândega da Fé e Ribeira de Pena se tenham realizado. Se ele tiver vergonha na cara e nojo das parvoíces que disse, será melhor não aparecer por lá, hoje ou no futuro, mesmo que mude de cabeleira, de placa dentária e de óculos a cores. Só complexados como José Cid, a quem a natureza marcou de raiz, poderia manchar a ruralidade, a simplicidade e a grandeza social das Gentes Transmontanas.
Leio na mesma fonte que a Câmara de Ribeira de Pena, também transmontana, aplicou a esse ingrato cantor, a receita, de Alfandega da Fé: «vá cantar a outra freguesia, seu palerma»!
Aqui há uns anos o director do Sol, teve um gesto semelhante ao apelidar de «parolos» três transmontanos que chegaram a Lisboa e meteram as mãos no saco da massa. Esse jornalista generalizou e partiu para uma ofensiva, completamente errónea, ao tratar por «parolos» todos os Transmontanos. Logo lhe volvi o troco e ele não replicou. Mesmo que pretendesse atingir alguns políticos da nossa praça que ainda estão a contas com a justiça, o editorialista (que por sinal, continuo a ler semanalmente), não deveria ter generalizado. Mas ao globalizar nesse adjectivo todos os «Transmontanos» foi de uma infelicidade atroz. Não me contive e respondi-lhe à letra, como agora faço ao José Cid. Este não é exemplo para ninguém, porque – declaradamente - lho digo na cara: é tão feio como eu, torto com as silvas que dão amoras, vesgo quanto baste e desarranjado que irrita quem o vê aos ziguezagues. Não gostando de Tony Carreira e pensando que ele era Transmontano, Cid desencadeou uma chusma de raiva que veio parar ao reino maravilhoso que se chama Trás-os-Montes. Se pretendia ofender Tony Carreira enganou-se no número da porta.
Não era minha intenção abordar este tema. Mas não ficaria bem comigo mesmo se deixasse passar este palerma sem um puxão de orelhas. É «sexta às 9» e habituei-me a ver este programa da Sandra Felgueiras. Mais dois temas escaldantes: a desumanidade de alguns dirigentes que obrigaram uma funcionária pública, de 57 anos, a continuar ao serviço, quando qualquer cego bastaria ouvi-la para a dispensar desse barbaridade.
Depois a saga incorrigível do governo de António Costa em sanear a torto e a direito, mesmo aqueles titulares que haviam entrado através de concurso público, por um júri plural que leva meses e consome balúrdios de dinheiro para encontrar candidatos pelo critério do mérito. Esses candidatos seleccionados pela CREZAP têm garantia legal para cumprirem determinado tempo. Qualquer «saneamento» político que ocorra durante esse tempo legal, o erário público, ipso facto, tem de pagá-lo, custe o que custar, como se tivesse cumprido o seu mandato integral. Pelo que diz a imprensa os «saneados» estão a recorrer à sua substituição por socialistas que nunca trabalharam, não se sujeitaram a qualquer tipo de avaliação e entram com a fúria descabelada de endireitar o mundo que vão gerir sem qualquer experiência.
Esta (in) governabilidade já se arrasta desde há cerca de 40 anos. E repete-se com todos os partidos que têm formado executivos ao centro, à esquerda e à direita. Com este tipo de «rendição da guarda», não há orçamentos que resistam a cada nova mudança.
O que espanta e nos deixa apreensivos é que, até agora, a esquerda radical, barafustava por tudo e por nada. Irritavam-se no Parlamento e logo tinham as televisões, as rádios e os jornais, a jeito para acusarem o centro e a direita de todos os pecados e pecadilhos. Agora, apoiam-se no partido que os acolheu, lhes faz vénias e lhes vai aprovando algumas propostas, para que possam reanimar a esquerda e esfregar ao sol da sua irreverência congénita, o futuro da sua incomensurável ambição.

 

03.06.16

Senhor Presidente, não faça isso!

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 De Barroso da Fonte:

A imprensa do dia 21 de Maio, nomeadamente o JN, noticiou em caixa alta que o Presidente da República distinguirá apenas «feitos excecionais», dia 10 de Junho e que pretende «marcar a diferença», condecorando «apenas três civis e uma curta lista de militares». Acaba-se, assim, com a tradição de atribuir dezenas de condecorações a cada Dia de Portugal. Nessa mesma fonte lê-se que Mário Soares, em média, distribuiu 71 medalhas em cada 10 de Junho, Jorge Sampaio 53 e Cavaco 69. No total: Soares medalhou 714, Sampaio 530 e Cavaco 697. Convenhamos que foi foguetório a mais, para mérito a menos. Nem no Estado Novo se esbanjava tanto, em ombros vazios de relevância pátria, ainda que em fatos polidos e gravatas de cambraia fina. O palco foi sempre escolhido em função da base de apoio partidário. Desta vez o «dia da Raça» será celebrado em Paris, para não deslocar a principal heroína, Margarida de Santos Sousa, de 57 anos, porteira de Paris, a 13 de novembro de 2015. A ela se ajuntarão em Paris mais três sortudos. Pela manhã serão robustecidos, em Lisboa, alguns peitos militares, não por feitos profissionais visto que já não há guerras a enfrentar, mas para abrilhantar os desfiles de alguns voluntários que não querem perder a tradição. Nada a comentar desta veleidade presidencial. É um direito que ele tem.
Já o mesmo não pode dizer-se do precedente que o PR abriu, quando veio ao Porto, no programa relacionado com a sua posse. As cerimónias tiveram Lisboa por palco, o que se compreende, visto ser a capital do Reino. Mas, a haver um segundo ato, num palco alternativo que não Lisboa, só poderia ter sido em Guimarães, a primeira capital histórica. Marcelo Rebelo de Sousa não esteve bem, quando ignorou o simbolismo da Cidade Berço: «aqui nasceu Portugal». Por muito que goste do Porto, de Braga e de Celorico de Basto, «o Berço» tem um simbolismo que nenhum outro canto ou recanto de Portugal pode subtrair-lhe. O PR - intelectualmente – não recebe lições de ninguém. Nem sou eu o cidadão mais idóneo para lhe dar qualquer conselho. Mas como jornalista, com uma tarimba de 63 anos consecutivos, tive oportunidade de assinar, nessa semana, nalguns semanários e blogues, uma crónica nada reverente, contra o PR em quem votei e votarei se daqui a cinco ainda eu for vivo. Mas com a mesma franqueza com que o fiz e o repito, o PR violou o respeito pela História de Portugal. No próximo dia 24 de Junho completa 888 anos (Batalha de S. Mamede) e teve três capitais: Entre 1096 e 1131 foi Guimarães, a segunda foi Coimbra e, finalmente, Lisboa.
«Branco é, galinha o põe». Pelas mesmas razões, nesta espécie de carta aberta, alerto o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa para que, mais uma vez, não viole o simbolismo do «Berço da Nacionalidade», aceitando o convite que Nuno Botelho, Presidente da Assembleia Geral da Associação Comercial do Porto, lhe formulou, para fazer do Palácio da Bolsa, a sua casa de trabalho no Norte. O JN que venho citando escreveu, a toda a largura da sua página 12, de 21 de Maio que «O Palácio da Bolsa quer ser a «casa» de Marcelo». Guarde o Porto esse nobre espaço.
Talvez o convite portuense sirva às mil maravilhas para os anseios da «Capital do Norte», competir com a capital do País. Eu nessa também alinho, porque tal como o Norte do país está saturado com «o posso, quero e mando» de Lisboa, também eu e as gentes de Entre o Douro e Minho, estamos. Diremos que, de Lisboa para norte, nem bom vento nem bom casamento. Esta argumentação que o Porto alega contra Lisboa, também os Transmontanos e Alto Durienses, dizem o mesmo, em relação ao Porto. Ainda se ouve o eco das palavras que o Presidente da Câmara do Porto, proferiu numa reunião de municipal, quando subestimou o Galo de Barcelos e o Fumeiro de Barroso. Mas essas são contas de outro rosário.
Guarde o Porto o Palácio da Bolsa para cimeiras internacionais e para centro de congressos. Não exerçam os Portuenses a influência que têm para subestimar o Paço dos Duques de Bragança que foi declarada «residência oficial do Presidente da República» no norte do País. Esse palácio nacional, pelo facto de estar à sombra do Castelo da Fundação, primeira maravilha histórica de Portugal e da Capela de S. Miguel, onde foi batizado El-Rei D. Afonso Henriques que aqui nasceu,
tem muito peso e causa inveja a muitas e nobres cidades. Mas, por alguma razão, diz o povo que quem nasce em Guimarães é Português duas vezes.
Deixem, o PR da República e as altas figuras vivas do Porto, que os Vimaranenses gozem o privilégio que Vímara Peres quis dar-lhes quando, por volta de 926, transferiu a sede do Condado Portucalense do Portus (cale) para a Guimarães. Essa benesse consumou-a Mumadona Dias pelo casamento com o conde de Tui, Hermenegildo Gonçalves. As muralhas, o Castelo, a Colina Sagrada com a Igreja de Santa Margarida, mais a Real Colegiada da Senhora da Oliveira, confirmam essa transferência do litoral para o interior. Guimarães foi o palco da Batalha de S. Mamede, onde a emancipação ocorreu, naquela primeira Tarde Portuguesa. Não mudem os homens de hoje aquilo que os seus antepassados, de há 888, anos nos legaram. O Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, na sua invejável omnisciência ainda não se apercebeu da importância que Salazar devolveu ao restaurado Palácio Nacional que foi sede da poderosa Casa de Bragança, a cujos órgãos sociais pertence(u).
Não faça essa desfeita aos Vimaranense e primitivos povos de «Entre Douro e Minho».

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